Quinta-feira, 07.02.13
Hoje…agora…tenho vontade de chorar…
Por todos os motivos, por nenhum motivo.
Visitou-me hoje uma mágoa antiga…
Uma dessas mágoas que retorce o mundo…
Que me impõe um doer profundo,
Que me deixa atónito e moribundo…

(No ritual clássico, onde me esventro
E me purgo…)

Vou escrever novamente o quão mal me sinto?
Escrever o quão não entendo isto?
Miséria…
Ser…se o sou, isto é o que sinto…
E era tão fácil descambar… e me vingar no absinto.
Consumir ópios e no dia a seguir tudo desminto…

Afinal, não é um bom dia para escrever…
Não trouxe nada de novo… apenas mais um (entre os milhares)
De desabafos de pessimismo.
Apenas mais uma triste e estúpida lamentação…
Apenas mais um desatinar com minha condição…
É triste ter de escrever vinte linhas, apenas para dizer:
- DESILUSÃO.


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Quinta-feira, 24.01.13
Nada de novo…
E seguimos sempre na mesma direcção… ordeiramente, maquinalmente, mecanicamente, automaticamente, seguimos sempre na mesma direcção.
Somos escravos temperamentais do tédio…
Adversos a toda e qualquer anomalia.
Descontentes por natureza, odiamos o quente por não estar frio, odiamos o frio por não estar quente…
Tememos a letargia, mas o mexer não deixa de meter medo.
Somos garbosos do nosso racionar, mas agimos tantas e tantas vezes sem pensar…
Criticamos, enxovalhamos como arma de defesa pessoal… mas o espelho mete tanto medo.
……………………………………………….

7 Mil milhões… Um número absurdo, assustador…
Mas nós não somos números… ou será que somos?
A quantidade de células que nos compõe, o infindável número de átomos que também fazem parte nós… Isso são números!
Mas somos mais do que isso?
Seremos mais que simples números?
Que simples quantidade disto e daquilo…

Contrariem-me…
…………………………………………………

Nada de novo…
Ponteiros de relógio em movimento perpétuo…
Movimentos de rotação e translação…
E nós… seguindo sempre na mesma direcção… para lado nenhum.


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Os olhos convergiam no meu olhar…
E o berro de alegria o fez brilhar.
A cura difícil de alcançar,
O tinha acabado de realizar.

O homem cego, estava curado
Tinha arrancado de si o mal amargurado.
Olhava á sua volta maravilhado,
Sentia-se por inteiro realizado.

Redescobria o mundo, e as cores…
Os bichos, os prédios e as flores.
Dava importância, a coisas inferiores
Inalava a vista, saturada de novos vapores.

Contemplava a multidão em sua agitação
Empenhando seus rostos de frustração,
Caminhando sem sentido, sem razão.
E logo seus olhos caíram no chão.

Esquecera aqueles rostos, e as desilusões.
Rostos que faziam transparecer… grilhões…
Prisões perpétuas de decepções…
Tragedias, descontentamentos, frustrações.

O pior dos males fora a cura,
A visão de tanta desventura.
Nesse dia fez de suas pálpebras armadura.
E na cegueira, abraçou o não ver, com ternura.


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Segunda-feira, 07.01.13
Desculpem a Sinceridade.
Ela não sabe o que diz…
Anda com más companhias. A Verdade…
Essa louca, essa infeliz.

Têm por hábito, desmascarar a impostura,
O engano, o logro e a mentira…
É-lhes um mal que não tem cura,
Uma mania que ninguém lhes tira.

Julgam-se superiores,
Detentoras do que é o bem.
Mas num mundo de impostores…
A Sinceridade e a Verdade, de tudo ficam aquém


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Quarta-feira, 26.12.12
A somar-se ao zero que sou…
Assomam-se os zeros de minhas conquistas.
Eu, sou, aquele que contra tudo se revoltou,
Em ódio a amores narcisistas.

Olho, as cinzas da extinta fogueira,
E invejo-as por já terem sido chama
As voltas nesta minha existência grosseira,
Que ninguém aclama.

Subtraio-me, inquieto-me e perco-me…
Por entre o tic-tac do relógio de sala…
Penso-me, morro-me e peco-me…
Num vomitar de mim, que me impala.

Tenho pensamentos aberrantes…
Que todos somados são o número nada,
Logo, minha cabeça padece de dores lancinantes,
Como, uma cabeça de espinhos coroada.

E somam-se e assomam-se, zeros em fileiras.
Em fileiras distintas e intermináveis,
Repousam cinzas, outrora chamas, em lareiras.
E a soma de tanto “zero”, têm resultados lamentáveis.


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Terça-feira, 27.11.12
Um pendulo…
Que balança eternamente
Que se brande em amplas oscilações
Que nem coisa, e não é gente,
Que se enreda em complexas complicações.

Não há melhor comparação
Com que me possa descrever.
Até renovada divagação,
É isto que me sinto, ser.

Estremunhado do meu tédio cativo,
Farto-me dele, e até de o amaldiçoar.
Mas torno-me esquivo
A quando de o abandonar.

Falho-me redondamente na minha procura…
Na procura de para tudo isto, um sentido.
E tudo, meu ser descura
E se oferece a estar perdido.

Um pendulo…


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Descobri a cura!
Sim. É esta a cura, é esta a cura para o meu mal.

O anestésico era de rápida acção
E logo meu corpo se deu por inanimado.
Tudo apostos para a operação,
Até o doutor já esteva desinfectado.

A serra-craniana, bem aguçada,
Descrevia órbita em torno de meu contentor cerebral.
A enfermeira incomodada
Virava o olhar de encontro ao avental.

Adiantavam-se as horas, e eu ali estendido.
A equipa médica tinha operado sem cessar,
O procedimento ainda não concluído,
Teimava em se complicar.

Acordei depois, estremunhado, num acético
E branco, quarto de hospital…
Meu coração batia frenético…
Pensava eu ter saído triunfal.

Minutos depois, irrompeu pela divisória
Um ser de bata branca, e olhar enegrecido…
Vinha para me contar a história
De quão mal a operação tinha corrido.

Mas não era novidade o que ele vinha contar,
Por todo o meu ser, já eu me tinha sentido,
E o procedimento fora feito para isso mudar,
No entanto o meu eu, não tinha desaparecido.


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Sexta-feira, 23.11.12
Torres altas que beijam o céu sideral,
Embutidas em si, perolas e safiras.
Portas envernizadas num castanho outonal,
Onde lá dentro, pajens fantasmas tocam liras.

O sol beija suas muralhas e ameias,
Onde pedras polidas se esgotam em resplandecência.
Á noite em si se acendem candeias,
Na evocação de renovada luminescência.

No alto de montanhas milenares,
Meus devolutos castelos marcam o horizonte.
Mas não há olhares
Que lhe vislumbrem a fronte.
……………………………………………….

Meus devolutos castelos erguidos,
Apenas para serem ofertados…
Ninguém os quis, mesmo que oferecidos.
E agora encontram-se desolados.


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Quarta-feira, 21.11.12
O fumo…
O fumo das chaminés…
O fumo de todas as chaminés do mundo!
De todas essas chaminés que amarguram a paisagem e brotam de si: fumo…!
Fumo que polui os céus, fumo que nos entra pelas narinas, pelos ouvidos, pelos olhos, pela própria boca, e alcança o nosso cérebro… e o desfaz, o decompõe em miséria, em quase merda… ou merda mesmo…
O fumo das chaminés, que enegrecem um dia, já por si negro, uma vida só por si enegrecida… O fumo…
O fumo das chaminés… dessas chaminés que se acham superiores e altivas.

Mas se há fumo, não há fogo…
E tudo se dissipa, por entre ventos de tempestades furiosas, por entre os segundos e horas e dias em que o fogo extinto faz elevar aos céus o fumo que brota de chaminés, altivas, falsas e mentirosas.


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Domingo, 11.11.12
Não me benzo, evocando vossos nomes.
Mas em mim, vos ergo catedrais.
Sois mais que meros seres…
Sois-me muito mais, do que julgais.

Não vos faço juras vãs…
Não vos posso dar o mundo.
Mas de mim, tudo vos dou…
A minha alma inteira a qualquer segundo.

Meu propósito de vida, neste instante…
Minha santa Trindade…
Por mais que vos ame, nunca julgo ser o bastante.

E só a vós peço perdão, por qualquer ofensa…
Por todos os meus erros, e minha forma de ser.
Só a vós, minha única e verdadeira crença.


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Terça-feira, 06.11.12
Somente isto…
Um combate desleal.
Eu me desisto,
E me rendo ao real.
Aqui fico, persisto…
Em contracção cerebral.
Contra tudo invisto,
Num gesto teatral.
A vida em que não me alisto,
É minha doença terminal.
Só o Nada é previsto…
O sonho é agente de ser mortal.


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Quinta-feira, 01.11.12
Atravessa-me a mente uma nitidez deturpada,
E uma conclusão inconclusiva,
Que tudo leva ao nada,
E que é este o único desígnio da vida.

Deformados são os sonhos,
Que me conquistam o subconsciente,
E eu, vitima sou de uma letargia transcendente,
Deitado no sofá.

Minha alma, que tão pequena é,
Acomoda-se na fresta deixada entre o meu corpo e as almofadas aveludadas,
E o corpo esmifrado de meu ser,
Imóvel permanece ao fustigar das facadas.

Não há expectativas, nem rotas de fuga…

Apaguem a luz!

Por favor apaguem a luz!

Hoje não quero ser incomodado,
Não quero ver o sol, não quero ver a rua, não quero nada…
Quero apenas a permanência neste limbo de tortura,
E esta doença sem cura.

Os grilhões que aqui me prendem, vão-se tornando mais fortes, e pelo que vejo, a cada dia passado existem mais razões para os deixar, me agrilhoar…

A luz permanece apagada, camuflando o vai e vem de berrantes pensamentos…

E o meu desejo maior era a vaporização de todos eles, e de meu pensar também…


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Quarta-feira, 17.10.12
Os génios morreram, sem saberem que eram génios
Não lhes foram atribuídos em vida nem louvores, nem prémios.
E o seu modo de pensar era rotulado de decadente e demente.
Só a morte fez deles grande gente…

Por certo, a mim, nem a morte me fará gigante.
Nem meu obituário será glorificante…
A banalidade, o desinteressante que sou, permanecerá…
E ninguém de mim se lembrará, ninguém de mim, génio fará.

Assombra-me esta ideia, de tanta vulgaridade…
E vai-se tornado mais acutilante com o passar da idade.
Esta coisa que sou… é sincera, é aquilo que realmente sou.
Mas esta coisa… nunca a mim se perdoou.

Na escrita destes versos, sem valor…
Mas que minha teimosia alimenta com fervor.
Firmo em letras minhas ambições desventuradas,
De ser um poeta com provas dadas.

Mas não o sou… nem nunca o irei ser…


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Sexta-feira, 12.10.12
Não te vou descrever como um país de navegadores…
Como um país de sofredores…
Como um país de extremas belezas, e esforçados lavradores…
Nem como um país saqueado por doutores…

Não vou falar da tua enobrecida história…
Nem relembrar que já foste um país de glória…
Não, não vou apelar á memória…
Mas também não vou entrar numa de ilusória.

Vejo-te agora perdido, como uma nau á deriva,
Sendo temonado por gente de uma pose altiva.
Que te emaranha numa tempestade destrutiva…
Em ordens dadas por uma europa corporativa.

Vejo-te como lacaio de um qualquer burguês,
Já nem és Portugal…Já nem és português…
Puta de luxo do interesse alemão, americano ou chinês.
Numa atitude de fraqueza, já nem em ti crês.

E quem te habita não se pode dar como inculpado,
Todos nós te levamos ao patíbulo do condenado.
Deixamos que fosses saqueado, abusado, estuprado…
Vítima de um mundo capital, e pouco civilizado.

Estás morto Portugal… ou mesmo á beira do fim…
Já nem á beira do mar és plantado jardim…
Amontoam-se coroas de rosas, lírios e jasmim…
E eu… sofro dentro de mim.


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E se as vozes que ouço se calem-se de repente?
Se todo o meu mundo se altera-se num acto de magia…
Verias em mim uma feição sorridente?
Ou encontraria em mim nova agonia?

Erro crónico, aquele que cometo…
Depois de uma noite mal dormida,
Em que me vi, naquilo que prometo,
Acordo desolado, e com a mente dorida.

Vegetativo como me é tão habitual,
Arrasto-me para a frente deste papel.
Despejando aqui entulhos de moral
Com palavras que sabem a fel.

Concepções de perfeição acabo por fazer,
Na ânsia de desfazer minha imperfeição.
Teria de me refazer…
Para atingir tal condição.


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Segunda-feira, 24.09.12
“É apenas mais um cigarro.
Umas frases escritas a impulso.”

Respiração artificial,
Um estado de vida suspenso.
Sentimento não superficial,
Desmesurado e imenso.

Coro de vozes caladas,
Propensas á impostura
Em minha cabeça escutadas,
Como uma canção que dura.

O sobe e desce do ventilador
É feito a um custo redobrado.
Em vagas de amargura e dor,
Pulsa meu coração desventurado.

Pareço morto, sem vida…
Num suporte de vida artificial.
E tudo em mim é ferida,
E tudo para mim é infernal.


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Quinta-feira, 20.09.12
Cuidado para não cair…
Para não desmanchar a fachada.
Tudo esta prestes a ruir.
A tua verdadeira cara vai ser mostrada.

Dissimulas-te tanto
Que o teu engano te engana a ti.
E eu entro em quebranto
Por ter visto aquilo vi.

Vendo apenas os teus olhos,
Por onde uma única lagrima escorre.
Fincaste a máscara com ferrolhos,
Com a certeza de quem morre.

Deixou de haver entre vós separação
Não combateste essa homogenia.
Fundiste a mascara com o rosto e o coração,
Num gesto de pura e plena cobardia.

Tens varias identidades,
Nomes, formas, e aparências.
Restam em ti poucas verdades,
Assomam-se em ti, todas as incoerências.


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Aquela coisa insignificante
Que toda gente finge não ver.
Podia até ser gigante,
Que insignificante continuaria a ser.

Não é, uma gota de água
Que faz transbordar o mar.
Não é, um grão de areia
Que faz a montanha desabar.

Não é, um tiro único
Que vence uma batalha.
Não é, por um fio solto
Que não se fia uma mortalha.


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Terça-feira, 21.08.12
Não sei se me deite,
Ou se me sente…
O sono me é rejeite,
Ou então estou doente.

Estive a ler, e a reler
E agora escrevo.
Devia ter mais que fazer.
Mas a isso não me atrevo.

O relógio marca 4e30 da madrugada
Numa gentil e quente noite de verão
Minha cabeça, infeliz desmiolada
Se vê agora em nova ebulição.

Isto de pintar imagens estáticas
Com palavras, começa a perder a piada.
Mas, minhas inspirações são erráticas,
E há momentos em que não me sai mais nada.

E hoje, pela madrugada fora…
Até já escrevi um “poema de amor”.
Belo a meu ver, embora
Meu parecer não tenha o menor valor.

Tenho a caneta na mão…
E ela parece ter vida.
Escrevo coisas sem razão…
Uma aberração… que não deve ser lida.


publicado por pseudo-poeta às 18:16 | link do post | comentar

Prelúdio
É tão difícil escrever algo semelhante a um “poema de amor”, sem o tornar lamechas, ou sem cair na tentação própria dos poetas em exagerar tudo o que é sentimento, ou mesmo não abusar da inspiração da musa e escrever textos e mais textos que dizem sempre o mesmo, que reivindicam cada um deles um amor maior, uma ternura maior, um querer maior.
No entanto, mesmo correndo esses riscos, mesmo tornando possível a possibilidade de os cometer, tive a necessidade desmesurada de escrever um novo “poema de amor”.
E ATENÇÃO: nunca me auto-intitulei poeta.

Estes olhos meus…
Este coração meu…
Este cérebro…
Todo este meu ser…

O “eterno” não existe.
O “para sempre” é utopia.
Mas o meu pensar em ti persiste,
Assim como o nascer de cada dia.

Inflama-se minha alma toda por inteiro
E cedo-me sem qualquer forma de luta.
Neste sentir sou livre-prisioneiro,
E tudo o resto me é de uma frivolidade absoluta.

Não há hora em dia nascido
Que eu, de ti não me tenha lembrado,
Mesmo com o corpo adormecido
Há um sonho de ti, prestes a ser sonhado.

Tomo como certa a desilusão
Ofertando meu peito escancarado.
Não há mais, apelos á razão…
Apenas tu, meu amor desventurado.

E toda esta ternura que te tenho,
Todo este respeito, e admiração
São coisas que sinto e não desdenho,
Obras máximas de meu coração.

Epílogo
Está escrito…
Está acima de tudo sentido.
Porque o importante em qualquer “poema de amor” é o sentimento latente no mesmo, não se trata de uma exposição irracional de um “coração”, ou de uma “carta de recomendação”, ou mesmo de um embuste dissimulado em palavras que por vezes são belas.

P.S:. se a lamechice surgiu peço perdão.


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Terça-feira, 31.07.12
Poderia citar o genial poeta, dizendo: “não sou nada… nunca serei nada…”

Mas não haveria qualquer novidade em escrever isso.
Mas assim me sinto, sendo nada…
E minha vida, e minhas mãos transbordam desse mesmo nada…
Em conclusão, podemos concluir que a inexistência faz parte de minha existência, e é impossível encontrar outra forma de pensar.

Ainda ontem vertia lágrimas, e elas eram revestidas a sofrimento, e o sofrimento trazia consigo tristeza, e a tristeza… não trazia consigo mais nada, a não ser tristeza.
Caio em mim…
Que adianta, me lamentar?
Que diferença faz dizer que estou triste?
O mundo não vai parar de girar por esse motivo, ninguém, vai fingir sequer, que isso lhe importa.

Estou cansado… realmente cansado, de tudo isto, e disto tudo.

Embutiu-se em mim, uma grande dor, uma incompreensão gigantesca, um duvidar de tudo… e isso doí-me lacera-me por completo o ser.
Ponho em causa tudo, o mar, a terra, o céu, a merda do universo inteiro…
E abato-me no sofá, e tento dormir.
Não há sono, somente uma inquietude de pensamento, que me consome por dentro, um sufoco desmesurado, que me aperta a garganta com a força de mil seres monstruosos.

Estão distantes… (tão distantes) os sonhos…
E o fado, de ser não fadado a nada penetra-me pela testa como uma bala, de um tiro saído pela culatra.
O complexo labiríntico de minha forma ser engana-me iludindo-me, fazendo-me perder em romarias sem rumo, ao encontro do desencontro onde me encontro.

Leio Pessoa, e sinto-me um animal…


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Segunda-feira, 09.07.12
O homem, o soberano, senhor de tudo…
Tomou como cruzada destruir o “amor”.
Planificou, pediu estudo…
Havia de aniquilar tamanho estupor.

Mandou um ferreiro, derrete-lo…

Este… acendeu a fogueira,
E atirou para lá o sentimento…
Mas nem uma abrasão ligeira,
Se viu, por qualquer instante ou momento.

Enfurecido, “o homem”… convocou o seu exército.

De armas em punho, desferiram sua investida.
Caíram bombas, voaram rajadas de metralhadora.
Mas no “amor”, nem única ferida,
Nem marca sequer, de tal acção tão devastadora.

Irado de tal maneira, “o homem”… exigiu a presença dos mais ilustres cientistas.

Contra o “amor”, não tinham nada…
E pouco eles podiam fazer…
Mas sua cabeça estava ameaçada.
Porem nem ciência o amor consegue entender.

Não deixaram de tentar.
E contra ele, mandaram a pior poção,
Foi vã, a tentativa do aniquilar
E suas cabeças rolaram pelo chão.

“o homem” viu-se então em desespero, não tinha forma de o vencer…

O “amor” era agora triunfante,
E por todos, levado em braços.
Mas parou de rompante…
Olhou para Ela… e desfez-se e refez-se em estilhaços.


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Ficamos sós, eu e a noite de sempre.
Num vazio imenso de luz acabada,
No silêncio supremo, de não se ouvir nada.

Tocamos as mãos como dois amantes,
Que se perderam na loucura do seu amor…
Fundimos nossos olhares distantes,
E deliramos em nosso próprio horror.

Harmonia perfeita por nós partilhada,
Enquanto eu,e a noite nos consolamos,
Não nos fingimos, pela madrugada…
E segredos, sem palavras, a nós conta-mos.

Perdemo-nos em naufrágios repentinos,
Admiramos as estrelas que teimam em brilhar.
Somos vitimas sem perdão de nossos desatinos,
Somos apenas a solidão a falar.

Lá fora, sopra o vento, sempre gelado.
Tenho a cabeça estragada, deteriorada.
Maldita noite amaldiçoada…


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Sexta-feira, 06.07.12
Porque o “nada” também é coisa…
Porque o “nada” também têm valor…
Porque o não ter “nada” é ter alguma coisa.
Escrevo um poema ao “nada” evocando o seu valor.

Abstracção absoluta…
Imensidão sublime de zero.

Estou vazio neste preciso momento.
Um enorme oco se apoderou de mim.
Não concebo qualquer pensamento,
Sou desabitado tal qual manequim.

E não me ocorre mais nada…

Absolutamente, mais NADA…


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Quarta-feira, 04.07.12
Morte aos artistas…!
Morte a todos eles!
Morte aos pintores, poetas e escritores… morte!
Morte ao actor, que se empoleira no palco…
Morte ao escultor, que dilacera a pedra… morte!

Morte a essa gente de pensamento livre,
Que só responde aos seus próprios ideais… morte!
Morte a esses loucos que ousam questionar,
A harmonia imperfeita e imaculada onde nos arrastamos… morte!
Morte a aqueles que vêm para além de tudo isto…
Que sentem mais do que isto… que vivem mais do que isto… morte!
Morte a quem canta, a quem pinta, a quem escreve, a quem dança,
A quem toca, a quem esculpe, morte… morte a todos eles.

Imbecis…

Queimem livros em fogueiras abstractas,
Derretam peliculas, negativos…
E nem molduras deixem intactas.
Acabem, exterminem com essa raça de seres pensativos.

Morte aos artistas…
Morte a todos eles!

Cortem-lhes a cabeça para não poderem pensar,
Estropiem-lhes as mãos, para que não possam escrever,
Arranquem-lhes os braços, para que lhes seja impossível tocar.
Mergulhem-lhes os corpos em ácido, até que tudo neles acabe por derreter.


publicado por pseudo-poeta às 02:10 | link do post | comentar

Terça-feira, 26.06.12
Correntes grossas…
Grossas correntes…

Gestos quietos, que embalam o universo inteiro
Em sono, onde não se dorme.
Onde não se acorda, porque se não dormiu.
(Mas é sempre bom ser-se embalado.)
Viagens sem partida, onde se anseia a chegada.
Feitas em comboios sem locomotiva,
Sem ninguém para os guiar.
(Mas mesmo assim, vem o revisor
Verificar se o bilhete foi comprado.)

Tirámos todos, bilhete, para ir a nenhum lado.

Um dia nebulado, noite negra sem estrelas…
E no horizonte, ergue-se a cidade.
Luzes, prédios altos, jardins abandonados.
Casas…
Onde se come, onde se dorme, onde se fode…
Mas não se vive.
Objectos inanimados de diversos tamanhos.


publicado por pseudo-poeta às 23:38 | link do post | comentar

Desço á terra depois de grande devaneio,
Limpando lagrimas de meu rosto.
És tu, aquela por quem eu anseio.
Ansiada por meu coração decomposto.

Olho, estiolo na discrepância
Que existe, entre os meus sonhos e a realidade.
Nunca te quis, por ganância,
Mas pelo que sinto ser verdade.

Não te falo agora daquele amor,
Que só existe nos contos de fadas.
Este, é tão real como a dor,
E como todas estas horas amarguradas.

Elevei-te várias vezes á perfeição
Sem mostrar qualquer tipo de arrependimento.
Afinal, és como a bênção,
Que sana em mim o sofrimento.

Desconheço e temo o futuro,
Não sei o que ele vai trazer.
Mas temo que ele erga um muro,
Pelo qual nem te posso ver.

Nunca te vou chegar perto,
Nunca te vou poder abraçar.
Nunca tudo isto deixará de ser deserto,
Nem os fogos que ardem em mim se irão apagar.

Nós os dois, seremos sempre dois,
Permaneceremos distantes de sermos só um.
E como nós os dois, seremos sempre dois,
Nada disto te fará sentido algum.


publicado por pseudo-poeta às 00:32 | link do post | comentar

Quinta-feira, 21.06.12
Terceiro planeta do sistema solar,
Esfera cintilante, de um azul celeste.
Estão sempre prontos para te violar,
Aqueles a quem abrigo deste.

Baixam-te tuas vestes…
E são biliões para te sodomizar.
Não interessa tudo o que lhes fizeste…
Tem o direito de te estuprar.

E agora falando num típico “bom português”:
Estão sempre prontos para te foder!
E nem esperam sua vez.
E fodem-te, até tudo em ti morrer.

Ganb-bang mundial,
Sempre tu, Terra, a seres copulada.
E nem se sentem mal,
Por seres constantemente conspurcada.

É-lhes um direito adquirido
E corrompe-te sem punição.
Não sei por quem lhes terá sido oferecido,
Ou se é só mesmo sua depravação.


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Terça-feira, 19.06.12
Por vezes sinto o chão ruir debaixo dos meus pés,
E o céu desabar sobre meus ombros.
Sinto, falta do que tu me és…
Quando soterrado em escombros.

(Não fazes ideia do teu valor para mim,
Nem eu mesmo o consigo quantificar.
Mas talvez seja melhor assim…
Há coisas que não se conseguem observar.)

Dão-se desmoronamentos diários
Neste meu mundo em destroços.
E as horas, e os segundos são meus adversários,
Opositores, de meus esforços.

Tudo se desmorona a minha volta,
Sem hipótese de se voltar a erguer.
E até o céu contra o chão se revolta,
Pondo as ruínas arder.

No meio de todo o caos, uma certeza…
Um algo maior que me domina.
Temo é que com toda a minha fraqueza,
Nem tu me salves da completa ruína.


publicado por pseudo-poeta às 09:16 | link do post | comentar

Acorda animal!
Serás sempre besta, nunca bestial.
A teus olhos, pensas ser alguém…
Para os outros és nada, és ninguém.

Eu não sou melhor que tu,
Nem sei se chego a ser igual.
Sou tão besta como Belzebu
Tirando a parte de não fazer o mal.

Mas que interessa isso nos tempos correntes?
Que diferença faz?
O mundo pertence aos valentes
E tu, só de ser besta és capaz.

Amor-próprio, deixei de o ter…
Sou o meu mais acérrimo crítico.
Sou a besta que podeis ver,
Com a bestialidade como poder mítico.

Nem me conforto, contrariando-me…
Não desminto a besta que sou.
Daqui levanto-me…
Deito-me… na réstia de humanidade que em mim sobrou


publicado por pseudo-poeta às 09:14 | link do post | comentar

Pinta a cara…
Esconde o rosto.
Nada é, como ele imaginara,
Pintura rápida…disfarça o desgosto.

Em sua fronte, um sorriso pintado.
No corpo, a roupa que exulta alegria.
Tudo brilhantemente falseado,
Para esconder dos outros, sua agonia.

Encarna a personagem de um idiota…
Suporta os chapadões oferecidos.
Para os outos, motivo de chacota,
Mesmo quando seus olhos estão enegrecidos.

E o palhaço cai ao chão,
Esbofeteado e escarnecido…
Rejubila a multidão,
Pelo espectáculo oferecido.


publicado por pseudo-poeta às 00:43 | link do post | comentar

Quinta-feira, 14.06.12
Velho trirreme da busca incessante
Remam-te loucos, em direcções opostas.
Uns buscam o poente, outros o levante,
Entre si, vão virando costas.

Rumos incertos tomados,
Por uma absoluta certeza.
Homens certos, mas enganados
Pela força da sua firmeza.

A perfeição impossível de atingir,
Lhes mantem os olhos fechados.
Estão acorrentados, não conseguem fugir.
O sonho os mantém subjugados.

E buscam e rebuscam por tudo o quanto é lugar,
Estão destinados á falha,
Mas não percebem, e continuam a buscar.
Já não há quem lhes valha…
E por algo irreal continuam a lutar.


publicado por pseudo-poeta às 23:01 | link do post | comentar

Faz frio…
E o sol não me aquece.
Meu coração…
Aos poucos se enrijece.
E os olhos…
A, meus olhos, tudo se entristece.
O desfalecimento…
O antigo desfalecimento… me desfalece.
A sadia loucura…
Em ímpetos me enlouquece.
A minha força…
Sem forças, meu ser enfraquece.
A mágoa…
Em mim, teias tece.
A falta…
Tanta falta, que me endoidece.

Faz frio…
E nem o fogo em que me ardo me aquece.


publicado por pseudo-poeta às 23:00 | link do post | comentar

Quinta-feira, 07.06.12
Os outros…
Os outros todos…
Os outros todos, sem excepção!
São melhores que tu e eu.
São sempre mais justos, mais educados… melhores que nós.
Escrevo directamente para ti, que agora perdes tempo a ler-me… não me leias… lê outra coisa… outra coisa qualquer de um dos outros.
Eles são melhores do que eu… melhores que tu… melhores que tudo.
Os seus defeitos são virtudes, suas virtudes inexistentes são dádivas…
Os outros são fortes, e razão é sempre sua… e é inquestionável.
Os outros não erram… como eu e tu…os outros dizem sempre o que esta certo, os outros não mentem, porque a boca deles é a verdade.
Os outros…
Os outros têm tudo, mesmo não tendo nada, mesmo sendo vazios por dentro, exortam o que há de bom (e de melhor ainda) dentro si.
Os outros não nos magoam… nós é que temos inveja de não ser os outros.
Na cabeça dos outros, na realidade dos outros, eu e tu somos fruto da decadência, do mal, da loucura…
E como têm sempre razão… eu dou-lhes a razão toda…
Mas mesmo assim sendo… prefiro ser dos outros que não são os outros.


publicado por pseudo-poeta às 02:31 | link do post | comentar

O vento sopra-me na face
E no céu, um desvanecido rasto de avião.
A recordação em mim renasce…
De há dois anos, e do passado verão.

Parece-me diferente, agora, este lugar…
As montanhas, são as mesmas de antes…
E o rio… continua por aqui, a correr para o mar.
Os mesmos barcos passantes…

Tudo se muda.
Mas tudo fica igual
Escrevo… com voz muda
Que sinto este lugar desigual.

Estou perplexo com a mudança,
Que por estes lados se deu…
Já nem aqui sinto esperança
Já nem aqui me sinto eu.

Meu Éden morto!
Mais um banal lugar,
Onde finco em ficar absorto
Sozinho… com o pensar.


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Terça-feira, 29.05.12
Nunca escrevo, por escrever…
Simplesmente não me dou, ao, trabalho de o fazer.

Posto isto,e para que não haja confusões,
Por estas linhas exprimo minhas gratidões.

Agradeço desde já, por cantarem versos “meus”
Por darem melodia ao meu sentimento.
Me acompanharem naquele momento como réus
Quando palavras “minhas” são cantadas ao vento.

Se bem me conhecem, não sou bajulador.
Não risco esta página em branco, em vão.
Agradeço aquele momento arrebatador
Onde “minhas” palavras ganham tamanhã dimensão.

E as palavras que outrora foram “minhas”…
(Nunca deixando de o ser).
Vocês lhe deram um tamanho maior que aquelas linhas
Onde um dia eu as fiz nascer.

A minha gratidão nestas palavras fica expressa.
Sem ambições camufladas…
Bem como a promessa,
Que nunca serão apagadas.


publicado por pseudo-poeta às 02:34 | link do post | comentar

Tenho medo de mim.
E não compreendo o mundo.

Avanço descuidado, de cadafalso em cadafalso,
Sem saber se quero, que estejam abertos ou fechados.
E meu cérebro, é me por vezes falso
Soltando em mim, monstros há muito enjaulados.

Finjo contudo, uma normalidade aparente
Cingindo a mim mesmo, meus próprios receios.
Desaprovando incessantemente minha mente
Da loucura expressa em seus devaneios.

E temo-me em dias distanciados,
Sempre, sem a mim, mostrar parte fraca.
Aos monstros tento manter enjaulados
Com auxílio de uma romba faca.

Tenho medo de mim…
E não me compreende o mundo.


publicado por pseudo-poeta às 02:33 | link do post | comentar

Cada um, com sua droga…
Com seu néctar divino
Ou pó de anjo estrelar.
Cada um, com o que se afoga…
Cada um, com o que perde ou ganha ou tino…
Cada um, com o que lhe permite aguentar.


publicado por pseudo-poeta às 02:32 | link do post | comentar

Olhos postos no alcatrão
Vislumbrando o horizonte que são meus pés,
Não vejo para além deste chão.
Impedindo assim qualquer revés.

Sigo assim, cabisbaixo e carrancudo
Encolhido, torto e desajeitado.
Poucas palavras, quase mudo.
Indiferente, e amargurado.

Erguerei um dia a cabeça,
Se houver motivos para o fazer,
Até lá espero que ninguém me aborreça.
E que compreendam, que este é o meu ser.

Admito ser, um ser, complicado…
Por vezes até ser de má companhia.
Mas por aqueles que quero a meu lado,
Fique escrito, que tudo faria.

Mas não me forcem o riso…
Não me peçam para fingir alegria.
Tenho sempre em conta o vosso juízo,
Mas se fosse “outro” vos mentiria.


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Sonho, mais que belo, por mim
Esta noite sonhado…
Sem aviso se deu o seu fim,
Quando, meu corpo se deu acordado.

Mostrou-me um mundo
Que nem consigo imaginar…
Um sentir belo, profundo
Me impossível de alcançar.

Antes fosse um pesadelo,
Daqueles, em que se acorda a cair.
Pois eu preferia não tê-lo
E não acordar na realidade a ruir.

Espectro cintilante de utopia
Desapareceste, durante a noite silenciosa
Não me acompanhas agora, que é dia…
Abandonaste-me á dor dolorosa.

“-Porque não foi antes um pesadelo?”
“-Tinha de ter de ser um sonho tão maravilhoso?”
Agora enforco-me com o novelo
Que descubro neste acordar horroroso.


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O sol nasce… diariamente.
E a terra gira… irremediavelmente.
E em mim… tu estas sempre presente.

O vento sopra… porque tem de soprar.
E o mar fustiga a terra porque tem de a fustigar.
E eu… sonho contigo, sem que nada o possa mudar.

Estrelas brilham, porque sempre brilharam no firmamento
Colapsando por vezes, num colapso violento.
E tu… estas sempre comigo, mesmo em meu lamento.

Termina o dia, começa a noite. Termina a noite começa o dia.
Recomeça a dor, o pranto, a agonia…
E nós… sempre o sonho, a quimera, a utopia.


publicado por pseudo-poeta às 02:29 | link do post | comentar

Sexta-feira, 25.05.12
O meu vigésimo quinto aniversário
Deu-se há precisamente dois meses atrás.
Não foi como no infantário,
Onde o tempo parecia ser tão fugaz.

Mais de um quarto de século passou,
Desde o dia do meu nascimento.
A cara envelheceu, o corpo mudou,
Com a fatalidade do crescimento.

Segui caminhos, perdi-me por trilhos
Amei pessoas, odiei seres,
Fiz o bem, o mal, meti-me em sarilhos.
Vezes de mais, não cumpri os meus deveres.

Abracei sempre mais os sonhos,
Do que dei razão, á realidade.
Alguns dias foram risonhos,
Outros, um ardil de maldade.

Agora um quarto de século passado.
Vinte e cinco anos volvidos…


publicado por pseudo-poeta às 15:22 | link do post | comentar

Basta oh alma minha, que és besta!
Chega de viagens sem rumo,
Onde te perdes sem prumo.
Basta!

Basta de incoerência…
Em ti, meu eu… que há muita perdeste a inocência.
No acreditar de tua própria decadência.
Basta!

Basta de filosofias transcendentais,
Que sendo nada, são sempre iguais,
E nada sendo não constam nos manuais.
Basta!

Basta de tudo o que não sou,
Da procura que nada encontrou
E que para encontrar não procurou.
Basta!

Basta de ser corpo presente,
Numa vida ausente,
Com uma loucura acoplada na mente.
Basta!

Basta de bastar coisa alguma,
Que no fundo não basta coisa nenhuma
Porque minha forma de ser… há só uma.
Basta!


publicado por pseudo-poeta às 15:20 | link do post | comentar

Quarta-feira, 23.05.12
E se fosse eu ali deitado?
Corpo inerte, cara em cal…
Pronto a ser levado
Para onde não há bem, nem há mal.

Será que vos disse vezes suficientes
Tudo aquilo que vos queria dizer?
Pareciam tão pouco urgentes
Os sentimentos que queria oferecer.

Temo, que se fosse eu ali, estendido…
Não ter dito o que sentia meu ser.
Agora nem me posso mostrar arrependido,
Acabaram-se as hipóteses de o fazer.

Espero não vos ter desapontado,
Se o fiz, nunca foi minha intenção o ter feito.
Agora aqui estirado, desmantelado,
Espero ter merecido de vós o vosso respeito.


publicado por pseudo-poeta às 00:41 | link do post | comentar

Terça-feira, 22.05.12
O pedal empurrado contra o chão…
Borracha que chiava em gritos agudos.
Curvas feitas em contramão,
Com dentes serrados, como escudos.

Galopando em velocidade vertiginosa,
Por entre a estrada remendada.
Adrenalina em suas veias, vaporosa…
Delinquência estouvada.

Camião-cisterna, em sentido contrário
Não houve tempo para travar…
Encheu-se de medo o temerário
Quando o embate o fez ressaltar.

Colisão frontal inevitável…
O fim de tudo, num momento imediato…
Tinhas sido tu o responsável,
Por um fim tão ingrato.


publicado por pseudo-poeta às 22:35 | link do post | comentar

Quinta-feira, 10.05.12
Por entre o silêncio nocturno…
Vem com o vento…
Vem com a chuva…
Roubando os anéis a saturno,
Embriagues de pensamento
Que meu olhar turva.

Em cerco, paira lá no céu
Como abutre faminto,
Como corvo esfaimado…
Sem sentença, sou seu réu.
Fogo extinto…
Rei sem trono, descoroado.

Ataque cirúrgico, encetado com precisão
Dominação efectiva de tudo em mim.
Ruína, massacre, saqueio…
Desintegra-se o coração…
Aproxima-se o fim…
Com a noite veio…
Com a noite veio…
Com a noite veio até mim.


publicado por pseudo-poeta às 08:17 | link do post | comentar

A bússola está partida.
Não há estrelas para orientar meu quadrante.
A nau que é minha vida está perdida…
E a tempestade, torna-se mais possante.

Á deriva…
Rumo incerto, objectivo ausente…

Questões pertinentes…
Assolam-me como vagas.
Minto-lhe com todos os dentes,
Com respostas amargas.

Perdido…
Desencontrado…

Que logica tem tudo isto?
Que faço eu neste lugar?
Será o destino… um mal previsto?
É por esta vida que tenho de lutar?

Dissentido…
Devaneado…

Vítima culpada de Adamastor…
De um naufrágio inevitável,
Eu mesmo, Deus de minha dor
Perdido, desencontrado e incurável.


publicado por pseudo-poeta às 07:51 | link do post | comentar

Terça-feira, 08.05.12
Súbitos leais, seguidores de sua razão
Escondem a cara em mascaras sem fisionomia.
Ordens de sua boca elevadas a religião,
Indivíduos sem alma presos em sua tirania.

Por entre malícia criada…
E criadora de malícia…
Temida ou venerada,
A mal do chicote a bem da carícia…

Dissimulados enganos, armas de seu arsenal.
A verdade invertida, tornada em mentira,
Seu recreio pessoal.

Imperatriz, monarca, soberana… absoluta…
Ofereces como quem tira…
Nunca me terás como teu recruta.


publicado por pseudo-poeta às 21:43 | link do post | comentar

Quinta-feira, 03.05.12

Os olhos abrem-se a muito custo,

Os ossos estalam, como se fossem quebrar.

E acordo, num mundo pulcro de injusto.

Ainda dormente, sem raciocinar.

 

Relutante e pouco decidido…

Ergo meu físico cansado de tanto descanso.

Pareço um bicho enfurecido,

Após eternidades, sendo manso.

 

Tédio e mais tédio, em doses mortais…

A cabeça fervilha em agonia.

Masturbação mental de desejos banais

No vasto pranto da ironia.



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Estou aqui…

Vivendo o presente.

Relembrando o que já é passado,

Antevendo, temendo o futuro.

 

O infame momento presente

Que a meus olhos se desenrola…

Lembranças de um passado omnipresente,

E um futuro que desconsola.

 

Temendo a viagem inevitável de fazer,

Por entre o mar da vida comum.

Rabiscando o diário que não quero escrever

Por dias adversos de jejum.

 

A teimosia dos ponteiros

(ausentes no relógio digital)

São “tic-tacs”… sons de morteiros

Carrascos de meu mal.

 

Galopam em círculos perfeitos.

Fazendo do passado, passado.

Guilhotinas onde meus sonhos jazem desfeitos

E o presente é amaldiçoado.

 

Passado, presente, futuro…

Qual deles o pior?



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Quarta-feira, 02.05.12

Lá longe… onde tu estas

E onde eu nunca poderei ir,

Se esconde um mundo de alegria e paz.

Utopia, quimera… me impossível de atingir.

 

Nunca vi esse ambicionado lugar…

Jamais em minha vida me foi permitido o ver.

Corro em demanda para o alcançar,

O destino é certo, não vou vencer.

 

Existem mais que portões

A proteger esse encantado recanto.

São mil e uma aversões

E o poder sórdido do desencanto.

 

Vejo-me então… as voltas na distância…

Convalescendo na Impossibilidade.

Discordo de minha própria discordância,

Torturado pela saudade.



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Sexta-feira, 20.04.12

Rebenta de uma vez…

Ou coisa deteriorada presa no meu pescoço.

Estoira com rapidez…

Implode sem fazer grande alvoroço.

 

Culpo-te de toda a minha tristeza,

Responsabilizo-te por todo este mal-estar.

Tens uma mania de grandeza,

Sê grande de vez! E espalha-te pelo ar…

 

Cabeça minha, composta de imperfeição,

Infeliz acaso de minha pobre genética,

Enceta um acto de rendição,

E revolta-te de forma patética,

Contra esta tirana condição.

 

E não faças apelos á demência,

Arde simplesmente na tua banalidade.

Não há actos de benevolência,

Para quem não é louco ou não tem genialidade.



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Olho agora, para dentro de mim…

Vendo a dor pelos meus poros a escapar.

Encurvo o corpo em sofrimento,

Finjo que não dói… nada vai mudar.

 

A memória arrasta até mim, memórias

Os traços de meu rosto enrijem-se,

No descobrir de minhas ideias contraditórias,

E as vontades não tidas perdem-se.

 

E olho á minha volta,

Finjo não doer…

Subtraio a revolta,

Deixo meu corpo ir, e se perder.

 

Autoflagelo recorrente, e diário…

Corpo ferido, pensar fatalista,

A descrença marcada na minha cara de ótario,

A vida amaldiçoada de um pessimista.

 

Mas não te preocupes vida…

Eu finjo que não dói…

Não te apoquentes mundo…

Eu finjo que não dói…

 

E fingirei sempre não doer…

Ficarei para aqui sentado sem nada ter.



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Vivendo de mim,

Alimentando-se do que sou.

Um ser ruim,

Que há muito me tomou.

 

O meu pior inimigo… sou, eu…

Carrego-me a mim mesmo, sem perdão…

Roubando de mim, o que é meu.

Culpado de ser eu, ser eu, um ladrão.

 

Contra mim prevarico,

Sem mostrar pena de minha consciência.

De tudo o quanto sou abdico,

Em mais um acto de extrema decadência.

 

Não me tomo por louco…

Antes fosse esse o caso,

De mim já resta pouco,

Bem como do poema onde me arraso.



publicado por pseudo-poeta às 03:43 | link do post | comentar

Sábado, 10.03.12

Exíguo horizonte, o qual meu olhar abrange

Imensidão de falta, vastidão de não ter.

Solidão que avança em falange,

Pelos campos incinerados de meu ser.

 

Estrelas, astros mortos, sem brilho

Despovoam a chama de meu firmamento.

Sigo lacaio, andarilho…

De costas voltadas ao vento.

 

Pesa o corpo e a bagagem,

Pesam-me os problemas e as soluções,

Se iludem os olhos com a miragem,

Tocam em alarme os carrilhões.

 

O cansaço constrói em mim cisternas

Onde a fadiga se acumula.

Minhas incompreensões são eternas,

E meu ser deambula.



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Quarta-feira, 07.03.12

Não quero ser injusto, e não te dar uma explicação para nunca te vir a ter, por
isso, neste dia de sol, sem calor, onde me afundo na miséria de ser tudo o que
sou, escrevo-te esta carta.

Acredito ser indevido trazer um ser a este mundo, nem é pelo simples facto de eu próprio
o odiar, mas por ter a certeza que a tua vinda a este mundo, só te iria trazer
sofrimento, e como quero acreditar que te amaria incondicionalmente, seria mau
da minha parte expor-te a isso.

Quem mais que leia isto, vai pensar que sou estúpido, ou coisa pior… no entanto,
acredito piamente, naquilo que aqui escrevo.

Não quero que sintas o que eu sinto, que desanimes como eu, a cada dia que passa
lento… trazendo consigo um pouco mais de inconformismo, e de raiva apática desmedida.
Tenho a certeza que sendo meu, verias o mundo tal qual eu o vejo, verias nele
todos episódios que me atormentam o raciocínio, que me fustigam a integridade física
e mental…que me arrancam as vísceras, enquanto me esperneio vigorosamente…

Não me aches invejoso… estou a pensar em ti, ao não te querer.

Se a tua existência fosse uma realidade, tenho a certeza que me ias dar toda a razão,
e agradecer-me o facto de não existires…

Porem, cai em mim um pensamento que não é bem um arrependimento, mas perto disso se
torna, porque nem tudo é mau… nunca iras ter a oportunidade de conhecer as “pessoas”…
as pessoas que emprestam um tom de cor a este mundo tão negro onde definho,
essas pessoas que tornam isto suportável, que fazem avançar o meu corpo combalido,
e me fazem acreditar, que nem tudo é péssimo.

Mas não existindo não terás isso como preocupação, não existindo poupar-te-ás ao
sofrimento, mas também á alegria que por aqui passa de fugida…

 

Não existindo, serás o filho que nunca terei…  



publicado por pseudo-poeta às 16:34 | link do post | comentar

Segunda-feira, 05.03.12

 

A tradicional, habitual, rotineira

Forma de sentir do meu ser.

Faz minha existência prisioneira,

E de meu corpo puta de aluguer.

 

Tremem as mãos, em dias tão banais…

Num desvanecimento acentuado,

De minhas faculdades mentais.

E a busca procede sem resultado….

 

Denoto em mim, algo parecido

A uma extrema desconsolação.

Encontro-me tantas vezes perdido

Ao ver em tudo, um nada para a salvação.

 

Avançam-me teorias…

Dizem-me para lutar…

Eu sou deus das apatias.

Não se cansem em me ajudar.

 

Avanço, retrocedendo a cada passo

Para a inevitável conclusão de tudo isto.

Lembrando, esquecendo a merda que faço,

Na cabeça, como um registo.



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Quinta-feira, 01.03.12

Seiva brotada do tédio da vida,

Eu preso em suspensão.

Aprisionado na seiva corrida…

Insecto merdoso, sem salvação.

Se um dia a alma não se dá por vencida,

Não me solto do tédio, mas estatelo-me no chão…

 

Tenho a vontade toda corroída,

Pelo âmbar de minha frustração.

Não sendo ideia descabida,

Que isto é apenas solidão,

Envergo por nova descida

Ao profundo de minha prisão.



publicado por pseudo-poeta às 10:04 | link do post | comentar

Deixa-me te dizer…

Tudo aquilo que por mim já foi dito,

Reafirmar, sem me contradizer,

Tudo aquilo em que acredito.

 

Nada disto se dá á simplicidade,

É por vezes complexo e extenuante.

Arde como a insanidade,

Não deixando de ser revigorante.

 

Tem toda a força do universo como motor.

Dá-me risos, felicidade, e alegria.

Contando com imensos dias de dor

Onde me esvaio em agonia.

 

Contra-senso anedótico, este sentimento

Que me consome devagar…

Ergue-me de rompante, violento

Para eu me deixar tombar.

 

Nesta equação, fico sem perceber

Quem afinal é o parasita…

Se este é o sentimento que me faz viver,

Ou se sou só eu que o acredita.

 

Mas deixa-me te dizer…

Assim… em jeito de confissão…

Era tão mais fácil perecer

Se não tivesses morada em meu coração.



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No calor, repleto de frio desta madrugada

Chega-me a insónia, pejada de pensamentos.

Veio, como sempre, acompanhada

De chá, e cigarros que ardem lentos.

 

No chá dissolvo a força bruta de pensar,

Nos cigarros queimo as frustrações.

É-me tão difícil dormir ou descansar,

Quando em meu cérebro ocorrem mutilações.

 

Amanha…daqui a pouco… erguer-se-á um novo dia.

Um novo conjunto de acontecimentos recorrentes,

Alimentados pelo tédio, e pela monotonia.

E os cigarros serão cinza, depois de ardentes…

E a caneca de chá cheia, estará vazia…



publicado por pseudo-poeta às 09:21 | link do post | comentar

Quarta-feira, 22.02.12

Era noite tardia quando voltou.

Trazendo consigo uma ânsia descomunal.

Pelas mãos do homem pequeno brotou,

Tal qual raio que desce do céu em diagonal.

 

Senti-a em todo o meu ser…

E dei-me sem repulsa á sua vontade.

Ela é o que podeis aqui ler,

Nascida num impulso de insanidade.

 

Nem o nexo trouxe consigo,

Ou por palavras elegantes se fez acompanhar.

Simplesmente desceu comigo,

Ao fundo do fosso onde ninguém quer entrar.

 

Premiu botões, e mexeu alavancas,

Sem eu, o ter percebido…

 De meu cofre abriu todas as trancas,

E agora escrevo possuído.

 

Regressou, ao partir de alguém,

A inspiração ou algo semelhante.

E agora escrevo nada, para ninguém,

Ao pulsar de uma luz pulsante.



publicado por pseudo-poeta às 22:42 | link do post | comentar

Tu, que um dia foste mais do que eu.

Tu, que eras tu, e tão pouco de mim.

Parte viva de mim, que morreu,

Rastilho fumegante que ardeu em carmim.

 

Tu figura, focada no pensamento…

Tu que sentias e sofrias, chicoteando-te na poesia.

Tu que não fugias do sofrimento,

Fazendo da humanidade tua heresia.

 

Ser poeta, que te perdias em devaneios,

Escrevendo o que sentias e o que não tinhas.

Com a força dos poemas alheios

Transportavas tua alma em suas linhas.

 

Criatura peculiar,

Criadora de novas razões

Vias o mundo com outro olhar

No ímpeto vertiginoso de tuas paixões.

 

Não te sinto agora em meu interior,

E ficam as folhas brancas e a caneta a descansar.

Na espera pela inspiração de um ser inferior

Que lhes dê uso, e as ouse profanar.

 



publicado por pseudo-poeta às 22:40 | link do post | comentar

Fome…

- Sim! Realmente, fome é o que sinto!

 

Ronca o estômago em manifestação

E a cabeça, parece mais que vazia.

E nada do que como me dá satisfação,

Sendo o nada que como me dar azia.

 

Devoro com os olhos, o prato á minha frente…

Mas com os olhos apenas! A boca permanece fechada.

Sempre um sabor fel, indiferente.

E a barriga e alma cheia de tanto nada.

 

Não fosse esta fome que me assola,

Esta recusa em comer

Que eu daria tudo como esmola,

A quem tem fome de viver.



publicado por pseudo-poeta às 22:39 | link do post | comentar

O meu desejo,

Suplanta qualquer razão,

E quanto mais não te vejo

Mais me dou á inflamação.

 

Vagueio, inquieto, sem destino.

Com a alma empalada,

Habitando um corpo clandestino

Ao qual a vida foi tirada.

 

E queria por tudo, que isto fosse um lamento

Um acto de repulsa, e emancipação.

Mas se há coisa que não tento,

É escorraçar-te do meu coração.

 

Dite o destino, o que bem entender…

Venham dias de dor, e noites de sofrimento…

Venha tudo, e quem mais vier…

A isto nunca vou chamar arrependimento.



publicado por pseudo-poeta às 22:05 | link do post | comentar

Terça-feira, 31.01.12

Nasci… de forma natural…

Em dia de… vendaval.

Nasci… digamos que… enforcado,

Com o cordão umbilical ao pescoço enrolado.

 

E hoje, como sempre tento perceber,

Tudo aquilo que me rodeia

E protejo-me ao escrever….

Palavras que ninguém leia.

 

A noite segue, decorrendo lentamente…

O sono… ou algo semelhante,

Beijou-me á pouco levemente.

Á um pouco muito distante…

 

No avanço impetuoso da madrugada

Fustigo-me, autodestruindo o ser que sou.

Meu pensamento não leva a nada,

E quando o sol nascer, só meu corpo sobrou.

 

Perdoem ó gente que algo de bom vê em mim…

(Eu sempre o procurei, sem nunca o ter encontrado.)

Não sendo bruto, sei que não sou ruim.

 

Não me é permitido ter outro pensamento,

Dou de mim o quanto posso dar,

Sem ambição de qualquer pagamento.

 

Sim sou eu! Exemplar único…

Extravasando de meus defeitos…

E ocupado de tão insignificantes virtudes.



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Sexta-feira, 20.01.12

Inquietude nostálgica, de um outro ser que habitou no domínio que sou eu.

 

Presa num qualquer trecho de luz, perdida irremediavelmente num desconhecido de ausência forçada, no tumulto interno, inquieto da ambição contraditória, e incompreensível de nada desejar ser, se encontra a minha sombra…

A minha alma…

A outra coisa que não sou, ou que nem quero ser.

 

Ser humano perfeitamente normal, dentro da anormalidade inerente á normalidade humana, prospectando os dias e a vida, e a vida e os dias, na busca por algo superior, por algo maior… descobridor de mundos conhecidos, domador de feras afáveis, assim vejo a outra coisa que sou, sem ser a minha sombra…

 

Gozo a cru dos sentidos e dos sentimentos, sinto-os em mim, como ferros em brasa, usados por um qualquer torturador que inflige dor na busca por uma confissão…

 

E então confesso…!

 

Guia-me a percepção, (ou tentativa de tal) do nexo, do propósito, da razão, do sentido…

Tentativa vã, absolutamente falhada…

 

Dias sem sol, ou luz artificial, onde a sombra para sempre se escondeu, desaparecendo na realidade, abandonando o fantástico mas irreal império dos sonhos e das utopias.

Perdi minha sombra, minha alma, e nem atrás voltei para a procurar, não lhe estendi meu diminuto braço para a agarrar, e a queda e o desaparecimento deu-se como um acto inevitável, de consequências que suplantam, qualquer nexo, propósito, razão ou sentido… e eu, estou tal qual ela, perdido… tal qual ela, imaterializado, mesmo sendo composto de matéria. Mesmo tendo, e sendo humanidade… a antítese perfeita do que é (era) minha sombra…



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Terça-feira, 17.01.12

O fim do mundo é hoje ou amanha…

Principio, do fim, dos tempos, inicio de todos os tormentos.

(Pensamento nocturno na madrugada vã,

E o armagedão em meus alheamentos.)

 

Premonições sem sentido o dão como certo.

Não há discordância, o mundo vai acabar…

Mas enquanto eu viver sobre este tecto…

Irei morrer e o mundo ira ficar.

 

E perdoem minha insolência…

Mas no caso rebuscado de tal acontecimento

Avisem com antecedência,

Para eu ser dono de meu definhamento.

 

Na hipotética hipótese de tal calamidade,

Rasguem os tratados e regras de boa educação…

- Rogo-vos, deixem de ser humanidade,

E festejem vossa extinção.

 

O mundo pode arder em chamas,

E a terra por si própria rebentar.

Que tu Homem, vais esquecer quem dizes que amas,

Na busca da salvação, que não te vai salvar.

 

A contagem decrescente há muito iniciada…

 

10— 9— 8— 7— 6— 5— 4— 3— 2— 1— ZERO

 

 … Vácuo; vazio; escuro; negro… o fundo, de todos os fundos…

 

…NADA…



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Terça-feira, 03.01.12

Deixa-me dormir e fingir que o sonho não acabou.

Deixa-me dormir e fingir que é real o sonho que meu ser sonhou.

 

O meu sonho, tem o teu riso,

O teu cheiro, o som da tua voz…

Têm tudo o que quero e preciso,

E por fim, em meu sonho, ficamos só nós.

 

Nunca o real, será um sonho meu…

Nunca a vida e o mundo me darão

Por presente o que o sonho me deu.

 

Fui feliz em meu sonho, obra, de meu subconsciente

Andei, corri, saltei, vivi…

E quando acordo… acordo doente.

Vendo que o real, não é o sonho que concebi.

 

Teimo na escrita, descritiva dos meus sonhos, sonhados

Talvez porque queira tanto a sua realização.

Mas sim, eu sei! Jamais serão realizados.

E todas as preces são em vão.



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Envolto no silencio abstracto de minha consumada solidão,

Parto em renovada divagação…

Ateio fogos. Centelhas de luz, na minha razão…

Faróis, de cor berrante, de minha consternação.

 

Disponho-me sobre o sofá,

Contemplando a teia de aranha presa no candeeiro,

Talvez devesse “limpar” o candeeiro, e destruir a armadilha mortal executada

Pela aranha que nenhum mal me fez…

Não sentindo, a aranha não me ia levar mal, não me insultaria, não…

 

- Não interessa… não vou destruir a teia de aranha que por cima de mim caprichosamente ganhou forma.

- Vou deixa-la existir…

 

Existir, como eu, existo…

Por certo não me ia agradar a ideia de um outro ser, que pela simples razão de eu ser inferior a si, se levanta-se de seu cadeirão e me destruísse a armadilha que eu construí para me alimentar.

 

Todas as acções têm consequências, todos os nossos actos levam a algo…

As palavras ditas… as palavras que não foram ditas… cunham complexamente a existência de nós, seres…

 

……………………………………………………………………………………

 

Esquecendo isso…

 

Mas só isso, porque não me é possível esquecer tudo…

Porque a memória é uma consequência das minhas acções, um lembrete que se acorrenta á complexa e incompreensível “razão” de meu ser…

Fazendo de mim o que sou, fazendo de ti, o que és para mim, fazendo de vós o que sois para mim, fazendo do mundo aquilo que não é para mim.

 

Se, por um acto de magia pura, as lembranças, as recordações, que tenho dentro de mim fossem de um outro alguém, existiria a possibilidade inequívoca de um recomeço, de um nascer de novo, de criar novas ambições e novos sonhos, para depois, e logo depois, os voltar de novo a perder. Para voltarem de novo a ser consequências de minhas acções, lembranças de meus sonhos não realizados…desmantelados… como as ruínas de algo grande… como prova irrefutável de nada…

 

Descolo em rodopio, para um outro lugar…

Que não este onde teimo em me deitar,

Disparo o projéctil, de meu divagar…

Na certeza macabra de ter de voltar.

 

Da divagação incoerente, faço meu reino… um reino onde tudo acabo por dissecar.

 

Estou agora a dissecar todos os sentimentos que tenho dentro de mim, toda esta angústia, toda esta dor, todo este amor…

Impávido e sereno, na divergência absoluta e resoluta do pensamento, encontrei-me perdido em tudo o que sinto…

A angústia e a dor, são de mim personificação,

E todo este amor…as vezes penso ser vão.

 

Mas tudo é vão…

Tudo é inutilmente, inútil… com a excepção é claro da teia de aranha, para a própria aranha.

 

Se eu ao menos tivesse a minha própria teia…



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Segunda-feira, 02.01.12

Como seres dotados de inteligência e de razão,

Inventamos forma de contabilizar o “tempo”.

De seccionar, dividir e limitar a sua imensidão.

… Contempla-mos relógios como passatempo.

 

O calendário por estes dias, dá o ano como terminado.

E sentado na cadeira faço minha retrospectiva,

Pensamentos deste ano que é passado,

Lembranças de mim, de meu ser… desta coisa viva.

 

Oscilei na corda bamba, disposta sobre o abismo…

Lutei por não cair… mas caí no vórtice de minha dor.

Me deixei ir e ficar, na compaixão bélica de meu fatalismo

Destruindo-me a mim mesmo, sem réstias de rancor.

 

Nos 365 dias que agora são nada mais que passado,

Senti frio e calor, alegria e amargura, ri e chorei…

E de todos os dias, há um por mim sempre lembrado,

Lembro-o com o remorso, de saber que errei.

 

E agora apressa-se a entrada de um novo ano,

Onde nada espero, onde nada ambiciono alcançar…

Sim, mais 365 dias contabilizados em dano…

 E onde a corda bamba vai sempre oscilar…



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Terça-feira, 27.12.11

O frio corta

A luz da noite nada exorta,

Ergo-me. Saio… fecho a porta.

 

Olho o céu nocturno, cativante,

Tomba-se em mim o brilho estrelar de rompante.

E invejo a estrela que brilha menos, por ser tão brilhante…

Invejo-a por estar ali… tão distante.

 

Brilham todas, por cima de toda a tristeza

São servas da sua própria beleza,

Humildes centelhas de realeza,

Testemunhas de minha pobreza.



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Segunda-feira, 19.12.11

Neste acto supremo de divagar dentro de mim, de me fugir e de me encontrar, em todos os meus pensamentos e na consternação errática de minhas acções…

Veio esta súbita vontade de escrever e divagar, ou de divagar e depois escrever sobre a divagação feita.

 

Ladeado por estas paredes, que aturam tudo aquilo que sou…

Violando a folha pura e branca de papel reciclado, onde a ímpetos faço deslizar a caneta azul, que escreve a azul, e que á azul abre sem rodeios, (como serra craniana, bem aguçada) a minha cabeça, pondo a nu o que vai cá dentro…

 

-Desisto…!

 

-Não me vou envolver em mim mesmo, outra vez…

Basta de autoconhecimento, ou coisa parecida a isso…Basta…

 

- Hoje quero divagar, e escrever sobre…

 

- Sobre a humanidade?

 

- Não, nem pensar, estou farto de a insultar, de lhe tentar dar a minha razão, só que como é próprio da humanidade, ela é humana, e sendo humana, é teimosa e não gosta de ouvir críticas, ou concelhos… e de qualquer forma ia ter por aí uma parte de mim, aquela que se dá ao trabalho de ainda questionar a humanidade…

 

- Vou escrever sobre…

 

- Sobre o quê? Porra…

 

- Sobre a morte e a vida…?

 

- Não… agora essas duas é que não…

 

Uma é o fim da outra, e a outra é coisa nenhuma. E depois lamento-me de uma, não querendo obrigatoriamente a outra… Esqueço-me que estou vivo, sabendo que não estou morto…

 

- Sobre o que então? Sobre é que vai recair esta inspiração que não tenho, ou este jeito que também não possuo de escrever?

 

- O tempo que faz, sempre foi um bom desbloqueador de conversa, mas não… ninguém divaga ou escreve sobre o tempo que faz, e para além disso, tem de se sentir o tempo que faz, para se falar nele. E eu… agora aqui, semi-deitado no sofá, ao calor do aquecedor a óleo, que é movido a energia eléctrica, não sinto o tempo que faz lá fora… logo seria errado da minha parte, escrever sobre aquilo que não sinto.

 

- Tenho sempre a hipótese de escrever e divagar e sonhar e conceber mais sonhos ainda, sobre Ela, sobre a minha musa antiga, e por tudo o que sinto por Ela…

 - Não… também não. Decidi não escrever os meus sentimentos neste texto, e não por nele, parte de mim, e se há parte de mim que não é minha é a parte de mim que é Dela. E tirando isso, tenho imensas saudades Dela, e isto, ia tornar-se num texto lamechas, e isso não quero…

Na possibilidade ínfima que Ela leia isto…

 

……………………………………………………………………………………………

 

- Veio agora a vontade de fumar…

 

-Sobre isso é que não… os cigarros e o fumo e o matar do fumo, já me deu para escrever muitas linhas, mas não é isso que pretendo agora…

 

- Vou fumar, pode ser que a divagação me leve a algum lado, e eu me esqueça de escrever sobre a divagação, e me perca para sempre em divagações, e acorde um dia, e tudo isto faça um mínimo de sentido.

 

E aí talvez as forças conjuntas do universo me digam sobre o que escrever e divagar, e divagar e escrever depois de divagação feita…



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Sexta-feira, 16.12.11

Todo o meu poema é triste.

Pode até ter ironia, mas é uma ironia triste.

Escrevi um dia um poema que não era triste.

Mas já lá vai tanto tempo, que não sei porque é que não era triste.

 

Parece-me agora, que foi á séculos que escrevi esse poema sem tristeza.

Foi um momento único, que nem percebo como, não tive em mim tristeza.

Eram tempos diferentes… segundos diferentes, mas no meio de tantos poemas é mau só ter um… sem tristeza.

Queria ver a beleza que dizem no mundo existir, e que dá braços á alegria… mas eu, sou tristeza.

 

Pois penso tristemente.

Escrevo ainda mais… e mais tristemente.

Vivo isto que para mim não é vida, tristemente.

E escrevo em vez de “fim” para finalizar este poema triste e carregado de tristeza… TRISTEMENTE.



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Quinta-feira, 15.12.11

O desinfectante corrosivo enche as narinas dos presentes…

 

Sobre a mesa de aço inoxidável, um corpo imóvel, já sem cor, descansa solenemente.

Tinha tido vida, numa outra vida, e agora somente a morte, nada mais que a forçosa morte, abraçava aquele corpo.

 

Como abutre faminto o médico legista lança-se sobre corpo, do fatalmente morto, o bisturi rasga a pele, até á carne… um olhar metódico analisa o corpo centímetro a centímetro.

 

Ainda ontem, aquele, que repousa agora para sempre, era homem comum…

Tinha sonhos como eu, tinha aspirações a um futuro como eu, ria, sofria, amava, odiava… como eu! E agora, nada…

 

Após análise, profunda, detalhada, minuciosa… para grande espanto do médico, não tinha sido encontrada qualquer causa para a morte de aquele ser…

A morte sempre teve causas, mas nunca razões, e esta nem causa tinha…

Debruçados sobre a última cama de qualquer ser, especulações germinadas eram lançadas ao ar, pelos homens de bata branca que ladeavam o cadáver.

 

Mas não havia causas para a morte daquele humano ali estendido.

Mas que interessa? Estava morto…

Ninguém sabia quem era…

O que fazia…

Para onde ia…

Não interessa, não importa.

 

A importância de um homem sem nome é nenhuma, o valor que teve ou deixo de ter em vida não interessa, não importa realmente nada.

Não somos mais que a insignificância absoluta, e a morte é a verdadeira, e derradeira prova disso mesmo.

 

O corpo do desconhecido foi amortalhado, posto com desdém no interior vácuo da câmara frigorifica…

 

Dois dias volvidos e não havia familiares, amigos, conhecidos ou desconhecidos vestidos de negro em volta do caixão, ninguém o chorava, ninguém, o lembrava…

 

Triste e insignificante vida humana.



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Quarta-feira, 14.12.11

Já há muito me convenci não ser merecedor da felicidade.

-É triste? – É mau? – Nada mais é que a verdade.

 

- Se me importo? – É tão impossível não me importar.

Mas antes a certeza da infelicidade do que um dia o sonho voltar.

 

Sou o refém do desgosto com um certo “ síndrome de Estocolmo” esbatido em mim.

-E se a vida me é tão pouco, ou quase nada, porque é que não lhe arranjo um outro fim?

 

Mas nesse ponto fulcral, entra a soberana característica do meu ser,

Sou um apático, dominado por uma apatia que tenho sem querer.

 

Sonho imenso… traço planos mais que magistrais…

Tudo isso sem sair do sofá e sem os tornar reais.

 

E não bastasse ser apático por natureza,

Sou também, prisioneiro perpétuo da tristeza.

 

Da perpétua tristeza que a meu lado caminha,

Nunca me deixando só, ou eu a ela sozinha.

 

Se enegrece o céu, a cada dia tristemente por mim passado.

Feliz de mim, de apatia e tristeza crivado…



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O mais belo poema de amor…

Nunca foi escrito.

O mais belo poema de amor…

Foi sentido, pensado e nunca dito.

 

Todos os poemas de amor…

Nunca deviam ser escritos.

Todos os poemas de amor…

Pecam por não terem sido ditos.

 

Todos os que escrevem poemas de amor…

Fazem-no por o sentir.

Todos os que escrevem poemas de amor…

Fazem-no para fugir.

 

Também já eu escrevi poemas de amor…

E nunca, em nenhum deles usei tantas vezes a palavra amor.

Também já eu escrevi poemas de amor…

E a palavra que mais escrevi em todos eles, foi dor.



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Domingo, 11.12.11

Ó minha, meu mais que tudo…

 

Agora só te vejo em minhas recordações,

Vejo-te, nos momentos que por mim passaram.

Eras o real da irrealidade de minhas ilusões,

E a beleza extrema que outros não narraram.

 

Ó minha, meu mais que tudo…

 

Estou neste momento a ser consumido

Pela saudade e pelo desespero de não te ver,

Nem mesmo quando caio adormecido

Meu cérebro para de invocar memorias de teu ser.

 

Ó minha, meu mais que tudo…

 

Eras luz…

És luz que ainda hoje me dá alento

És de todos os meus sonhos, o mais sonhado…

És a mais bela imagem do mundo exterior, que vejo cá dentro.

Quimera máxima de meu coração fragmentado.

 

Ó minha, meu mais que tudo…

 

Desmontei a razão, fiz dela coisa nenhuma

Tropecei em meus sonhos e desalentos.

E agora não há farol na bruma,

Ou forma de juntar meus fragmentos.

 

Ó minha, meu mais que tudo…

 

Na impossibilidade do impossível,

Faço da tristeza e desespero meu mundo.

Nada mais me é admissível,

Que este penar profundo.

 

Ó minha, meu mais que tudo…

 

Viro costas ao mundo, dele não quero saber…

Nem se gira, ou se para de girar…

Maldito destino que não queria ter…

Forma de vida que só me está a matar.



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Quinta-feira, 08.12.11

Agora ai sentado ou sentada lês e tentas decifrar meus “pseudo-poemas”, não te posso ajudar a desvendar os segredos que lá encerrei, mas a certeza podes ter, que todos eles são a “verdade”.

Nunca escrevi a mentira em meus versos, nunca falei do que não sinto, nunca perfumei de belos cheiros, o cheiro putrefacto que emana minha mente.

E é assim …

Sou muitas vezes cru nas palavras que escrevo, e nas ideias que nelas faço transparecer.

Nunca procurei agradar ninguém, nem sequer a mim mesmo, nesta confusão de ideias e ideais esbatidos, cinzelados nas palavras que fiz minhas, e depois, dei a meus sentimentos…

Pois são esses sentimentos… dos mais belos aos mais hediondos que dão os alicerces, as fundações, aos meus devaneios escritos.

Não tens de gostar de mim, nem do que lês… sinceramente, nunca isto de escrever teve essa importância para mim… nunca o fiz para mostrar alguma coisa… para esconder, talvez… mas isso é uma outra história.

 

Queria escrever mentiras, dizer que sou bom… que o mundo é belo… que tudo é azul e alegria… como eu, queria… escrever mentiras.

Queria escrever que sou forte, e que vejo beleza e uma razão para viver em tudo o que me rodeia… como eu queria escrever mentiras.

 

Se fosse fotógrafo, todas as minhas fotografias seriam a preto e branco, se fosse pintor todas as telas seriam pintadas a carvão, se fosse compositor, músico seria como Chopin, que criou a música que leva o caixão.

 

Mas como não sou nada… nem poeta, nem fotógrafo, nem pintor, nem compositor…

 

Me fico por dizer que o que escrevo, mesmo não sendo nada, é a “verdade”.



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Terça-feira, 06.12.11

Anoiteceu para sempre, aqui, em meu coração.

A luz dourada, cintilante, deixou de aqui entrar.

E nada mais resta, que esta triste condição

De uma dor gigantesca que profana o ar.

 

Já nem considero isto, sentir saudades…

É mais um enforcamento, recorrente e diário.

Onde proliferam monstros e ruindades,

Num seguir fatal em sentido contrário.

 

Meu universo inteiro, não tem estrelas, ou alegrias.

Na minha cela imunda, escura onde definho,

Já nem a salvação vem em fantasias,

Ou a fuga nas palavras dos versos que alinho.

 

Não vejo janelas nem portas, em paredes de betão armado

Somente a persistência sentenciada na clausura.

Pensei dizer o certo, mas quando o disse, já esteva errado

Na imensidão do mundo, estou preso a uma prisão de amargura.

 

No relevo que a caneta esculpe, nestas paginas profanadas,

Com esta caligrafia mal amanhada, despojada de sentido,

Encerradas nestas paredes… e em meu ser encerradas.

Estão as ideias… e as desculpas de um ser caído.



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Sou, fragmento de um puzzle… esquecido, desaparecido.

Sou, cão vadio…abandonado, perdido.

Sou, pau de fogueira… que não ardeu.

Sou, o soldado medricas… que se rendeu.

Sou, a imagem tremida… que sonhei ser.

Sou, o falhado… que nunca quis vencer.

Sou, monte de estrume… dedicado a decomposição.

Sou, a pedra não pisada… por aqueles que pisam o chão.

Sou, bala perdida… em batalha vencida.

Sou, falha humana… aceite, consentida.

Sou, barco encalhado… que encarde o mar.

Sou, o culpado… que querem ilibar.

Sou, a nódoa… que mancha a camisa imaculada.

Sou, a oportunidade flagrante…falhada.

 

Sou, de uma importância relativa.



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Quarta-feira, 30.11.11

O caminho que sigo, 

Têm pedras desgastadas.

Mas caminho, e não ligo…

São pedras, para ser pisadas.

 

Têm como desígnio ser maceradas,

Serem recalcadas no chão.

São pedras de calçadas…

Desprovidas de sensação.

 

Um propósito humilhante, por elas abraçado…

Mas um propósito… uma razão…

 

E eu… que me mantenho aqui estático,

Desconhecendo o propósito de meu ser.

Olhando as pedras que piso, com um olhar errático

Sem a sua tenacidade perceber.

 

Queria como elas ter um sentido,

Mesmo que fosse ser pisado,

Calcado, macerado, e depois esquecido.

 

Mas não…

 

Tenho menos desígnio, que uma pedra da calçada.

Valo o que valo… e o que valo é pouco mais que nada.



publicado por pseudo-poeta às 09:41 | link do post | comentar

Sou herói grego, sem beleza, força ou inteligência,

Sem viagens a fazer, ou monstros a derrotar.

Sou prisioneiro de minha vulgar existência,

Que Deus algum ousa transmutar.

 

Tenho um grande amor em mim, como tinha Orpheu

E iria, como ele, ao Hades, para a salvar.

Galopa em mim a tremenda dor de Prometeu,

Que tal como a ave, de mim se vem alimentar.

 

Em labirintos confusos, me acabo por perder

Enganado por cavalos deixados á minha porta.

As asas que não tenho, o sol, as faz derreter.

A mim… que ninguém me exorta.

 

Nas minhas viagens não feitas, nunca vi o Olimpo,

E não passei o Estige, por não ter pago a Caronte.

Nem miragens vi, de um céu limpo,

Ou de algo não trágico no horizonte.

 

Olhei Medusa, e em pedra me transformei,

Fugindo do Cerberus de meus adormecimentos.

Sem me levantar, me cansei…

Nesta Odisseia de meus pensamentos.



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Domingo, 27.11.11

O sol irrompe, na manhã de neblina,

Volvendo costas á noite de negrura cristalina.

Foi mais uma batalha épica por ele vencida,

Em mais um amanhecer de minha vida.

 

Jazo, inútil, aqui sentado…

A pensar no que ontem me foi lembrado.

Disseram-me que era um inútil, que nada valia

“Não discordei! Como podia?”

 

Dói tanto ouvir a verdade…

Mas louvo imenso a sinceridade.

E mesmo sabendo, o zero que sou,

Essa “frase-seta” me trespassou.

 

Porque em determinados dias,

Me escondo em deliciosas fantasias.

Escondendo a inutilidade completa de meu ser,

Evitando o espelho que não quero ver.

 

Se houvesse remédio para o inútil que há em mim…

Se houvesse um meio, de á inutilidade por fim…

Beberia esse remédio, tomaria esses meios.

Esvaziaria meus membros, de inutilidade cheios.

 

Perdoa-me sol, por teres de me aquecer…

Perdoa-me por aqui sentado ver mais um amanhecer.



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Contar o tempo…

Todos os segundos, minutos, horas, dias, meses…

Não conto o tempo…

Sinto-o passar.

Sinto-o ir, e não voltar.

Sinto dentro de mim as recordações.

Os momentos electrizantes, esperados…

Todos os segundos, desassossegados.

Sinto tudo isto… e muito mais…

Tanto mais…

 

No frágil passar do tempo,

Tudo acaba por mudar.

A certeza, vira arrependimento,

Quando digo, o que queria calar.

 

Escrevi, o mundo com outro olhar

Corri, sem ter ido a nenhum lugar

Suspendi, o mundo sem o poder segurar

Vi-me diferente do que é habitual estar.

 

Senti, algo mais que dor…

Vejo-te como algo superior.

Imagem de esplendor…



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Quarta-feira, 23.11.11

Por vezes…

 

Não queria ver, o que meus olhos me obrigam a ver…

Não queria ouvir, os sons que meus ouvidos me teimam em trazer…

Nem sentir o sabor, sem sabor da ausência do prazer,

Ou sentir o cheiro pestilento imanado de meu ser…

Não queria sentir na pele, todo este sofrer.



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Sexta-feira, 18.11.11

Imerso no mar do pensamento,

Sonho meu, dorme ao relento.

Por si, passa o tormento…

Desvanecendo em lamento.

 

Naufragado em dia de tempestade,

Sonho meu, viu calamidade.

Deixou de ser sonho, virou irrealidade,

No inquieto trovejar da verdade.

 

Caindo desamparado, no vil chão…

Sonho meu, sentiu contusão.

Se viu perder, em confusão

Nas vagas inquietas da consternação.

 

Vejo-o agora morto, sem vida…

Sonho meu, se matou… suicida.

Não viu, do tormento saída…

E a vida deu como concluída.



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Sábado, 12.11.11

Mil armas apontadas á cabeça,

E a infelicidade de nenhuma disparar.

 

Vegetativo… inútil…

Aqui me encontro eu, na decadência imensa de ser eu.

Não encontro em nada, um significado para tudo isto.

E deixo-me estar…

 

Dias tornados em noite.

Noites tornadas em trevas.

 

Sou subalterno, de meu estado sério.

Demasiado sério…

Não faço rir ninguém, e nada me faz rir.

Carrancudo por feitio, ou talvez por defeito.

 

A vida que por mim passa,

É-me, um enigma de difícil resolução.

E eu tenho-a pensado, tenho-a analisado.

Sem tirar conclusões.

 

Já nem grito…

Já nem sonho…

 

Enojo-me de mim,

Por ter em mim este pensar.

Talvez me odeie tanto,

Pelo simples facto de ser eu.

 

Talvez exista por aí…

Uma resolução fácil para meu dilema.

Mas exige coragem, e egoísmo.

E, corajoso, sou pouco…

E o egoísmo, pouco me diz.

 

Posto isto…

Resta, a permanência

Vegetativa, inútil, carrancuda,

Incompreensivelmente incompreendida

De ser eu, e de tudo o que isso acarreta.



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Quinta-feira, 10.11.11

Os escudos, jazem quebrados,

E dou-me por vencido.

Já não há dias encantados…

E o céu, esta enegrecido.

 

Ruínas de alegria…

Há muito abandonadas.

Sementes de agonia,

Em meu coração germinadas.

 

Indefeso, me mostro, a esta dor

Na calma amorfa de a sentir.

Fico só, em tremor

Ao ver á minha volta tudo a ruir.

 

Me abandona tudo resto,

Fica, a mágoa companheira…

Me sumo, me detesto…

Numa existência grosseira.

 

Liberto-me de fantasias,

Encarando a dura realidade.

Amargurados os meus dias,

Crivados de insanidade.

 

Já nem lambo as feridas,

Deixo-as tomar infecção.

Encarno figuras destorcidas,

De discípulo da desilusão.



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Terça-feira, 08.11.11

Cada vez que falo…

Cada vez que escrevo…

Tenho tendência a deixar…

A deixar muito por dizer,

A deixar muito por escrever.

 

Fica-me sempre a impressão

Que os versos escritos, não estão acabados.

Uma forte convicção,

Que na conversa, nem todos os assuntos foram abordados.

 

Tento ser explícito e coerente…

Mas quando está “terminado”

Penso bem, e fico descontente…

Por algo ter ficado de lado.

 

Ironicamente…

 

Agora falo das palavras não escritas,

Agora escrevo sobre as frases que não foram ditas.

 

Foram… dezenas delas, centenas delas, milhares delas…

Até quem sabe… milhões delas…

 

Deixei mais por dizer, que o que disse…

Deixei mais por escrever, que o que escrevi.



publicado por pseudo-poeta às 17:27 | link do post | comentar

Não consigo pensar no escuro…

Necessito de uma luz que alumie o pensamento.

 

Pensar no escuro, é pensar sem barreiras,

É a libertação, social e completa do ser.

É ir… não voltar e quebrar fronteiras.

É pensar, por pensar, sem ter nada a perder.

 

Sou guiado pela lógica e pela razão…

Pela minha lógica, e pela minha razão…

 

Mas até essas fazem parte

De um pensar comum.

Queria o engenho e a arte,

Para não ser só mais um.

 

Tombo em silencio, na imensidão iluminada,

Desolada de meu pensamento…



publicado por pseudo-poeta às 17:12 | link do post | comentar

Segunda-feira, 07.11.11

 Eles têm as mãos e os pés atados.

Eles vivem… mas estão condenados.

Fingem ser livres, e abraçam a ilusão,

Fingem voar, sem tirar os pés do chão.

Consagram-se a si mesmos sem pudor,

E fazem aparentar, que entre si, há amor.

São traços errantes, obrados, por uma criança,

São a oferenda vã, que a besta amansa.

Negoceiam a vida e a morte,

Digladiando-se pelo azar e pela sorte.

Foram á lua, violaram o mar,

Sentem-se estranhos, em qualquer lugar.

Domaram tigres e leões,

Encheram-lhe os estômagos de vilões.

Mostram a cor dos dentes, em fingimento…

São lacaios supremos do arrependimento.



publicado por pseudo-poeta às 18:41 | link do post | comentar

- Eu quero os campos conspurcados…

Quero as falésias, promontórios calcinados…

Quero os corpos dos amaldiçoados…

Seus sonhos e projectos malfadados.

 

Dêem-me as cinzas ainda quentes,

A inteligência dos descrentes…

O desleixo dos desobedientes,

A falsidade dos incoerentes.

 

Dêem-me o ódio e a maldade,

As pragas e a ruindade…

Dêem-me a crueldade…

Atulhada de perversidade.

 

Dêem-me…

Derramem em mim o mal da humanidade…

 

Dêem-me lixo,

Dêem-me os desperdícios…

Não me quero em crucifixo.

Quero precipícios.

 

Quero a amálgama, resultante do mau…

De tudo o que não se dá a um Deus.

Não quero pedras preciosas, quero o calhau…

Quero os males… que todos são meus.



publicado por pseudo-poeta às 18:40 | link do post | comentar

Quarta-feira, 02.11.11

Vi-me… fora de meu corpo,

Lá fora, correndo desgovernado.

Pisava o chão descalço…

Num acto tresloucado.

 

Inspirava ar…

Expirava demência,

Corria sem parar

Voando em imprudência.

 

Farto-me do tédio…

Mas, temo a mudança.

Queria um intermédio

Que equilibrasse a balança.

 

Os dias entediantes…

Massacram ao passar.

As mudanças angustiantes…

Fazem o mesmo, ao voltar.

 

E olho para mim…

De fora de meu corpo…



publicado por pseudo-poeta às 15:39 | link do post | comentar

Domingo, 30.10.11

São três e pouco da manhã.

 

Acabei agora de ler, um livro de poesia.

Como é estranho, esse mundo dos poetas.

Quase tão estranho como é o meu… o meu estranho mundo, o meu estranho pensar.

Autoproclamei-me como um pseudo-poeta… e é isso que acho que sou… sou algo semelhante… algo parecido… algo quase… algo mais ou menos…

No fundo nem sei bem o que sou…

 

Mas são três e pouco da manhã… e o mundo, nesta parte dele, está a descansar, tirando os destemidos que profanam a noite.

E eu… aqui, também… não descanso.

Dormi até tarde, e não tenho sono. Não têm importância, amanhã, também não há muito que fazer.

Nem é mau, não ter muito que fazer, mas têm um grande contra, uma pessoa desocupada leva o tempo a pensar, e eu… estou farto de pensar.

 

Faz frio lá fora…

 

Pousei o caderno e fui fumar…

 

Fumar faz mal, mas eu adoro fumar… “FUMAR MATA” vem escrito no maço de cor negra que todos os dias teimo em comprar.

Fumar… o acto de fumar, é semelhante ao amor… têm quase chama, nuvens de fumo surrealista… e mata.

Mas depois de experimentar é difícil livráramo-nos de qualquer um deles…

 

O vento sanou lá fora…

 

Já passa das quatro da manhã, e continuo aqui, agarrado ao papel, á caneta e aos pensamentos.

Debato teorias comigo mesmo, deixo-me levar na criação apoteótica de meus desconexos devaneios.

Tenho a impressão de ter descoberto algo importante…

-Reinventei a roda?

- Encontrei a explicação para a existência do ser?

 

Nada disso…

 

Acabei de descobrir que este amontoado de palavras mal escritas, não contém qualquer sentido.

E eu, que gostava tanto de escrever algo com sentido, com valor, para mim, e para alguém que um dia leia isto.

 

Queria um ser poeta, e que alguém lê-se um livro escrito por mim, e o acabasse de ler as três e pouco da manhã… e depois pensasse:

“Que estranho mundo este, o dos poetas.”



publicado por pseudo-poeta às 23:01 | link do post | comentar

Segunda-feira, 24.10.11

Tenho pensado em ti…

Levo horas e horas a pensar em ti.

Tens lugar cativo em meu pensamento.

Tenho pensado em como era abraçar-te e dar-te o mundo, e as estrelas e o universo por inteiro…

Em abraçar-te de forma em que tudo, o que nos rodeasse não tivesse qualquer importância…

É bom pensar em ti.

Mas tira-me o sono…

E depois, escrevo que estou incessantemente a pensar em ti.

Antes, este pensar todo, envolvia sonhos, e mundos criados a meu belo prazer…

Agora… este pensar, é principalmente a dor imensa, e esta mágoa que me dilacera.

Mas continuo a pensar em ti…

Sinceramente, nem penso, em não pensar em ti.

És marca eterna em mim, sem metáforas, ou palavras pomposas… é isso mesmo… estás marcada em minha mente. Não o nego.

Como o poderia negar?

E ao pensar, por vezes esboço um sorriso. (Coisa rara em mim…) um sorriso verdadeiro envolto em nostalgia…

Vou continuar a pensar em ti, mesmo quando apagar a luz, e tentar dormir. No imediato instante em que acabe estas frases, onde digo simplesmente que tenho pensado em ti…



publicado por pseudo-poeta às 18:49 | link do post | comentar

Ergo-me, sem me erguer,

Da apatia memorável de ser…

De ser eu, o que não quis ser…

Olho-me sem me ver.

 

Estou preso a esta realidade,

Que pouco tem de real.

Não creio ser real.

Não creio ser verdade.

 

Vendo-me, com uma venda antiga.

Bordada de sonhos…

De meus tristes sonhos…

Deito-me… já sinto fadiga.

 

Olho o tecto, novamente,

Recomeço a pensar…

Novamente a pensar…

Repetidamente, indiferente.

 

Pesa-me tudo de forma colossal

Sinto o corpo a estremecer…

Sinto-me estremecer…

Enche-me um medo infernal.

 

Triste dia comum…

Triste dia de tédio banal.



publicado por pseudo-poeta às 18:48 | link do post | comentar

Como é belo, o silêncio, da cidade atarefada.

O silêncio dos carros, das pessoas a passar,

Um silêncio que não me diz nada.

 

Este silêncio é belo, é profundo.

É um silêncio humanizado…

É o silêncio que silencia o mundo.

 

Não são libertados decibéis

Nas palavras erradas de não ditas,

É o silêncio do que não dizeis.

 

Silêncio, inaudível e estrondoso…

Da vida efémera e quotidiana,

Deste existir horroroso.

 

Eu quero o silêncio!

 

A essência silenciosa, de ti humanidade,

De tudo o que tens para dizer,

E não dizes. Pura falta de verdade.

 

E se alguns ousam profanar o silêncio…

São silenciados.



publicado por pseudo-poeta às 18:47 | link do post | comentar

Olho-vos vassalos da futilidade,

Crédulos da mentira e da cobiça…

Deito-me… faço-vos, a vontade.

Me prendo em nós de preguiça.

 

Por não ser crente, e em por nada crer

Vejo-vos arrastar minha vida

A qual, entrego sem responder,

Com um bilhete só de ida.

 

Quem me dera ser como vós…

Ó coisa nenhuma que sois.

Ser velhaco, ser atroz…

E não pensar no que vem depois.

 

Amarrem-me ao mastro do navio…

Que na tempestade vai afundar…

Ponham-me á frente do canhão…acendam o pavio…

E deixem-no rebentar.

 

Não creio…

Não quero crer…

 

O futuro, á felicidade faz tangente.

Mas não a atinge, não lhe acerta…

Finge lhe tocar futilmente,

Mas a ferida esta sempre aberta.

 

E no fim sou crente.

Sou crente, que não quero crer em nada…

Não creio, em quem me mente,

Não creio, numa razão encomendada.



publicado por pseudo-poeta às 18:47 | link do post | comentar

Desesperadamente relembro, o que em mim já foi alegria.

Relembro… e caio desfeito em melancolia.

 

Houve em tempos distantes…

(tão distantes, que faz doer.)

Horas, dias brilhantes…

Momentos, que, não poderei esquecer.

 

Mantenho-os guardados em mim,

De forma, a não ser tomado

Por esse inferno sem fim,

Que me mantêm sitiado.

 

São memorias… apenas e só memorias…

Que quando lembradas, me fazem sorrir.

As mais belas historias…

Que alguém, jamais, conseguiu produzir.

 

E por aqui me mantenho, alimentando-me

Do que fatalmente, é passado.

Culpando-me, chicoteando-me…

Por tudo o que fiz de errado.

 

Se me retorcida o coração…

Ao ver que não haverá mais momentos iguais.

Tudo o que sou cai pelo chão…

Desfigurado, ao sabor do jamais.



publicado por pseudo-poeta às 18:46 | link do post | comentar

Tenho as mãos na cabeça,

Segurando todo o peso do meu ser.

Temendo que teu olhar desconheça,

As palavras vãs, que vou escrever.

 

Tenho resistido, á tentação,

De te invocar, ó musa minha.

Mas sempre foste inspiração,

Para escrever só mais uma linha.

 

Tenho mantido cativo em mim,

Toda esta flagelante e amarga saudade.

E perdoa se sou ruim,

Mas já não vejo luz ou claridade.

 

Dedico-me então a sofrer…

E já nem disso peço salvação.

Penso que este doer,

É mais um pedaço de meu coração.

 

Vejo os dias passar,

Envoltos em bruma.

E as memorias a içar,

O que já foi tudo, e agora, é coisa nenhuma.

 

Queria que se cessasse

Em todo o meu ser,

Que não me castiga-se…

Mais este sofrer.

 

No entanto… fatalmente,

Meus desejos, não são atendidos.

Sinto freneticamente …

Sentimentos não correspondidos.

 

E vem o amanhecer… diariamente…

Trazendo consigo recordações…

Mente minha mente…

Se contraindo em ilusões.

 

Não vejo meio, de isto mudar.

De gatafunhar outra história,

Estou enfermo, sem me impugnar,

Pedindo esmola, á memória.

 

Já nem considero isto viver…

Não passa de uma flagelante duração.

Onde aos poucos ando a morrer,

Não vendo em nada razão.

 

Estes versos, penitenciados.

Dão forma ao meu sentimento,

Aos meios esgotados…

De prender o que vai cá dentro.

 

Tenho-te cinzelada, em meu interior…

Com traços de uma beleza absoluta.

Lembro-te com o fulgor…

De uma certeza resoluta.



publicado por pseudo-poeta às 18:44 | link do post | comentar

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