Atirado para a rua,
Sozinho no mundo,
Uma alma, nua
Perdido profundo
Uiva á lua.
Desencontrado,
Teima em vaguear
Nunca lembrado,
Por quem o vê passar.
Desesperado,
Por alguém o encontrar,
Segue cansado
Na busca de um lugar.
Corpo ferido
Vida faminta,
O cão perdido
A morte finta.
Numa noite qualquer.
Já sem esperar,
Numa mão de mulher
Esperança foi encontrar…
Antes de ti…
Da tua existência
Vivia por aqui…
Não estando vivo,
Era um coma, induzido,
Um não viver relativo
Um viver sem sentido
Renasci…
Naquele dia,
Em que te conheci.
Todas as minhas estúpidas,
E complexas visões
Deixaram de ter sentido
Caiu. Meu mundo aos trambolhões,
E senti-me renascido
Foste tu, a causadora,
Desta revolução,
Instigadora.
Do bater do meu coração.
Meu doce renascer,
Minha querida adrenalina
Sonho do meu ser.
Que, meu mundo fascina.
Só, o em ti pensar
Provoca em mim um sorriso.
Só, o contigo estar
Me consome o juízo.
Mesmo sendo isto, ilusão
Um sonho, por mim criado
Te mostro minha gratidão
Pelo meu mundo teres mudado.
Não será hora de te ver lutar?
Esquecer os outros, o mundo e avançar?
O mundo é teu
Não será tempo de te revoltares?
Ignorar os de mais e mudares?
O mundo é teu
Tens o brilho de Afrodite
A esperança que ela transmite
O mundo é teu
Que tua inteligência
Seja a tua resistência
O mundo é teu
Que tua perfeição
A tudo traga a razão
O mundo é teu
Que tua magia
Seja o fim de toda a agonia
O mundo é teu
O mundo é teu
Ninguém te o pode negar
O mundo é teu
Só tens de o abraçar.
Tenho a mania de sofrer
E o porque, não consigo entender
Tudo me parece estar tão mal
É um defeito pessoal
Ó dor minha
Que tanto dóis
Ó dor minha
Que me destróis
Esta dor incompreendida
Esta dor sem razão
Me leva de vencida
Me corrói o coração
Não sei de onde ela provém
Nem porque teima em me dominar
Mas é minha… e de mais ninguém
E não pensa em me largar
Mas esta dor que tanto dói
Este tremendo mal-estar
É a prensa que me mói
Mas acaba por me salvar
Sem ela penso…
Não conseguir viver
Sentimento denso
Companhia minha até morrer…
Não há inspiração
Não tenho palavras
Não existe razão
Em dias normais, penso e consigo escrever
Sobre Ela, sobre o tudo e o nada, sobre o ser…
Mas hoje não, estou desinspirado
Tudo o que digo e escrevo está errado
Cheguei a este ponto, de escrever
De escrever, sobre a desinspiração
De ter vontade de escrever
Mas não me sair, nada não
Podia escrever novamente
Sobre sonhos e ambições
De uma forma comovente
Sobre a perda das ilusões
Sobre o divagar
Neste mundo
Sobre o amar
E o cair no fundo
Voltar a repetir
A minha falta de fé
Na podre humanidade
E cair
Cair de pé
Escrevendo a saudade
Porem hoje não, estou, desinspirado
Sem conseguir pensar
Meu cérebro sedado
Se recusa a trabalhar…
Deixo-me estar
Não quero ir
Não quero rir
Não quero chorar
Me mantenho, aqui, deitado
A pensar no que já foi pensado
Numa eterna suspensão
Que abraça minha podridão
O muro á minha frente
Tem mais dinâmica que eu
O comatoso inconsciente
Tem mais vontade que eu
Esta vontade minha…
Imensa, de nada fazer
Tão grande como a de quem caminha
Para o local onde vai perecer
Tenho em mim toda esta vontade
Que aqui me mantêm obstinado
Não passo de um cobarde
De um cadáver exumado…
Olho-te, falo-te temendo a tua reacção
Dirijo-te palavras, que caem em vão
Por ti… tudo era capaz de fazer
A alma era capaz de vender…
Mas em nada resultam minhas ambições
A nada me levam minhas ilusões
O doce nada que por ti me é dado
Me afunda, na depressão… caio derrubado
Era tão fácil, te poder culpar
Por todo este mal-estar
Mas seria injusto, e sem sentido
Pois sou eu que me dou por perdido
O doce nada que por ti me é dado…
É suficiente para me manter acordado
Foi o sonho, a que me agarrei…
A impossibilidade em que acreditei
E anseio por esse nada
Por esta ilusão, desatinada
Por tudo aquilo que eu criei
A utopia que inventei…
O doce nada, que por ti me, é dado
É o nada que me tem alimentado
É o nada que me tem enlouquecido
É o nada pelo qual ando perdido…
Estou farto dos ignorantes
Estou farto dos incoerentes
Estou farto dos que se acham importantes
Estou farto dos que mentem com todos os dentes
Estou farto do dia mau
Estou farto do dia bom
Estou farto de todos os dias
Estou farto de tanto sonhar
Estou farto de nada alcançar
Estou farto de planear
Estou farto de nada realizar
Estou farto da mentira
Estou farto da verdade
Estou farto de quem tanto me tira
Estou farto da realidade
Estou farto de tudo…
De aqueles que nada são
E tudo pensam ser
De aqueles que nada dão
E tudo querem receber
Estou farto de chegar atrasado
Estou farto de chegar cedo
Estou farto de ser arrasado
Estou farto do enredo
Estou farto…
Estou farto de estar tão farto de tudo
Estou farto de manter mudo
Estou farto de todas as palavras de veludo
Estou farto de ser carrancudo
Estou farto… estou farto
Mas que fazer?
Mas como mudar?
Estou farto de perguntar…
Os dias todos iguais
Vividos sempre da mesma maneira
Problemas banais
Dormem á tua cabeceira
Rotina, aquela bala assassina
Que o teu dia domina
A hora de acordar
Esta sempre marcada
A de deitar
Nunca é respeitada
Trabalho mecanizado
Vida programada
Tudo é errado
Tudo é nada
Rotina, aquela bala assassina
Que o teu dia domina
Soltas as amarras
E sais correndo
Em raras
Situações vais vivendo…
Rotina, aquela bala assassina
Que o teu dia domina
A esta hora ao ver
Tudo endrominado
É fácil ter
A razão do meu lado
O que fui, não vou voltar a ser
Mesmo que ninguém me consiga entender
A fuga fácil
Que parecia ser solução
Se tornou difícil
Me fez perder a razão
Acções insensatas
Loucuras cometidas
Ilusões baratas
Em noites perdidas
Com o mundo ao contrario virado
Acordava no dia seguinte
Corpo ressacado
Aspecto de pedinte
O que fui, não vou voltar a ser
Mesmo que ninguém me consiga entender
Agora, neste momento
Com a cabeça no lugar
O sóbrio pensamento
De para trás não voltar.
Aquilo em que penso
Aquilo que vivo
Faz-me ser tenso
E pouco emotivo
Sou o ser
Que não sonhei ser
Sou o que a vida me fez ser
Sou o que o mundo me fez ser
Sou o pequeno grão ávido por crescer
Sou o louco tornado, que tudo quer destruir
Sou o aluno devoto, que tudo quer saber
Sou o palhaço triste, que tudo quer fazer rir
Sou o tudo e o nada ao mesmo tempo
Sou a frustração e o lamento
Sou o louco fraco, sem tratamento
Sou o velho doente, sem testamento
Sou tudo isto e muito mais
Sou diferente dos que são iguais
Sou o que sou e isso não mudara jamais
Subo e desço
Sem pensar
O que peço
Ninguém me vai dar
Escadaria
De pedra feita
Imóvel no mesmo lugar
Nunca rejeita
Quem a quer pisar
Escadaria
A vida que sonhamos
Não vamos ter
Nos lamentamos
Por ter de subir e descer
Escadaria
Num movimento persistente
Lutamos e batalhamos
Num acto recorrente
Em muros nos esbarramos
Escadaria
Porque nos obrigas a subir e descer?
Sabendo que no fundo fomos feitos para morrer…
Deprimido é como me sinto
Um enorme vazio me enche a alma
Nas palavras que escrevo não minto
E nelas se perde a calma…
Pois digo com clareza:
- Sinto falta…
Com extrema certeza digo:
- Sinto falta…
Sinto falta do teu sorriso…
Do teu magnifico ser…
Sinto falta de te ver…
E esta, falta, é tão gigantesca
Tão grande, e grotesca.
Sinto falta…
Sinto falta dos teus pequenos defeitos
Que a mim me parecem tão perfeitos
Sinto falta da tua aura iluminada
Que preenche os meus olhos de forma imaculada
Sinto falta…
Sinto falta de toda a agitação
Que provocas em mim
Do aumento de pulsação…
Num raio que me atinge assim…
Sinto falta…
Sinto falta daquilo que não consigo exprimir
De estar contigo, do teu rir…
Que num sonho magnífico me faz cair
E desse sonho não quero acordar
Me prendo, me enredo
Sem vontade de voltar
Pois tenho medo…
De ao magnífico não voltar.
Sinto falta…
Sinto falta tua…