Seres resignados, está na hora de acordar!
Saltem das trincheiras,
Onde repousa vossa apatia.
Ergam as vossas bandeiras,
Profanem a noite e o dia.
Sejam Homens
Não animais.
Pensem em reformar,
Lutem por progredir,
Linchem quem nos quer matar.
Não os deixem fugir!
Nos afundaram
Neste pântano de putrefacção.
Nos cegaram
Numa venda de ilusão.
Está na hora de contas ajustar.
As dívidas têm de ser saldadas.
Lutem por uma vida
Que é vossa…
Por alguns fodida…
A enterraram na fossa.
Não a julguem por perdida.
Como eu já fiz…
É a vida que nos corrompe
A cada passo que damos.
É o futuro que nos esconde
Aquilo por que esperamos.
Cacos de quimera.
Contrafeitas utopias.
Que minha cabeça gera
Dia, após, dias.
Batalhas internas
Dentro de minha criatura.
Forças externas
Me conduzem á loucura.
Este destorcido olhar
Com que fito o horizonte
Numa demanda singular
Na busca pela fonte…
Pela fonte… De algo semelhante á alegria.
De uma nascente, que mate a quimera
Que se alimenta do meu dia-a-dia.
O impossível é triste.
O impossível é repugnante.
Faz-te ver quando cais-te,
É um desespero constante.
O impossível é miserável.
O impossível é loucura,
É um destino pouco afável,
É um destino sem cura.
O impossível é inquietude.
O impossível é demência.
É uma falta de saúde,
Uma eterna penitência.
O impossível é atroz.
O impossível é frustrante.
É a perca da voz,
E a loucura resultante.
O impossível é falta de esperança,
São as tristes lágrimas de uma criança.
É impossível…
Existem momentos
Em que deixo de sofrer.
Meus sofrimentos
Sanam ao te ver.
Perto de ti
Perto do teu ser
Minha alma sorri,
E sei o que é viver.
Perto de ti
Tudo tem sentido.
Perto de ti
Sou vencedor e não vencido.
Perto de ti
Encontro felicidade.
Perto de ti
Não há calamidade.
Perto de ti
Não sou delirante.
Perto de ti
Este bem-estar constante
Perto de ti…
Perto de ti…
Hoje é um dia mau.
Pior que o anterior.
Sinto-me triste, perdido.
De rastos, vencido.
Derreado, rendido.
Em baixo, fodido.
Alimentado por uma dor,
Sem razão…
Um sentimento sem cor,
Que nasce da solidão.
Ignorado…
Indiferença tua…
Castigo infernal.
Fleuma tua
Minha pena capital.
Um inferno pessoal
Alimentado por esta agonia
A dor infernal…
Que é a minha apatia.
Um dia mau, como tantos outros…
Um rosto no espelho.
Que não consigo identificar.
Uma cara feia, abraçada por tristeza.
Um invólucro de algo incompreendido.
Uma tentativa vã, de ser alguém.
Um cobarde que se deu por vencido.
Um rosto no espelho.
O insignificante ser,
Que me fita do espelhado.
Não parece surpreendido por me ver.
O meu rosto aparvalhado.
Fica, ao tudo perceber.
Finalmente o reconheci…
Como não pude reparar?
Aquele ser ali…
Sou eu.
Não me tentem entender.
Pois eu, também não me entendo.
Não me tentem compreender.
Pois eu, também não me compreendo.
Esqueçam as palavras, belas e elegantes,
Nas quais exprimo minha tristeza…
Esqueçam as frases, beligerantes,
Reflexos, tristes, da minha fraqueza.
A quem, me lê peço perdão.
Por todas as palavras sem razão.
Por serem escapes, da minha frustração
A quem, me lê seja, um ou milhões.
Perdoe-me as caralhadas, e os palavrões.
Os pensamentos, sem sentido, das minhas ilusões.