Que mais poderei dizer?
Sobre aquela que meu coração faz bater.
Já mil versos sobre ti…
Dediquei e escrevi.
No entanto tanto fica por escrever…
E tanto mais fica por dizer…
Sobre aquela que meu coração faz bater.
Poderia novamente compara-la
Á minha antimatéria.
-GRITAR… Lembra-la,
Que sem ela, tudo é miséria.
Redigir um verso elaborado,
Onde mostraria…
Onde seria, relembrado
Que por ela, tudo faria.
No entanto tanto fica por escrever…
E tanto mais fica por dizer…
Sobre aquela que meu coração faz bater.
Pois nem todas as palavras e poemas,
Poderão um dia chegar,
Para que entendas
O quanto meu coração está a jorrar.
Entre lamechices e sentimentos metaforizados
Quase transcendentais…
Relembro momentos passados,
Perdidos nos anais.
E tua face em minha mente,
Tuas peculiaridades e forma de ser.
Deixam minha cabeça animada
Sem te conseguir esquecer.
Mas no entanto tanto ficou por escrever…
E tanto mais ficou por dizer…
Sobre aquela que meu coração faz bater.
Me debato diariamente
Na busca, pela luz, no firmamento
Caminho estupidamente
Excedendo sentimento.
Garras de penumbra,
Me atraiçoam o caminho
Meu olhar nada vislumbra
No firmamento mesquinho.
Desgasta minha perseverança
O nada atingir.
Minha vista nada alcança
E estou a regredir.
Não têm luz, o firmamento.
E sou vencido pela fraqueza,
Cresce em mim o desalento,
E a nojenta tristeza.
Nada vejo, para além deste instante
O futuro não é sorridente…
Perdido viajante
Na severa corrente.
Sou dependente.
Consciente e inconscientemente.
Sou vítima de um flagelo benevolente.
Que fustiga meu corpo, e minha mente.
A mais delirante das drogas de mim se apoderou.
Lhe abri meus braços, e ela me apertou.
Fazendo de mim o que agora sou.
Foi droga que me aperfeiçoou.
Corre livre por minhas veias,
Tecendo em mim suas teias.
De cores belas. E não feias,
Apertando-me em suas correias.
Sou dependente… desta dependência
Não lhe mostro resistência
Exijo sua permanência,
Não vivo na sua abstinência.
Sou dependente… desta dependência.
O tempo passa e vou mudando.
A vida passa e vou derreando.
Perdendo velhas convicções.
Criando novas razões.
Já não sou deste lugar…
Não sou de nenhum lugar…
Vigília anómala aquela que tomei,
E o peso das demasiadas vezes que errei,
Faz-me ver que não sou deste lugar,
Faz-me perguntar se sou de algum lugar.
Olho em volta, e já nada disto me é familiar.
Já nada brilha como era costume brilhar.
Tudo é um imenso tédio, que não consigo suportar,
Divago fugindo, farto de aqui estar.
Por já não pertencer a este lugar…
Se ao menos… encontra-se um lugar.
Caio no erro, de escrever sobre o que escrevo.
Caio no erro, de pensar nos meus pensamentos.
E nisto resulta minha pseudo-poesia.
Tristes líricas de meus lamentos.
Quem sou eu para chamar a isto poesia…
- Ninguém!
Mas, há quem diga tanta coisa, ou pense dizer, que diz alguma coisa.
Que se estou enganado, não é por maldade.
São nestas escritas, onde vendo minha identidade,
Onde mostro ao cosmos, a minha visão, destorcida da realidade.
Onde procuro abrigo.
Onde me escondo e expludo…
Onde me calo e fico mudo…
Que encontro uma certa libertação.
Nestes textos…
Nestes insignificantes textos.
Sou alguém, sou criador.
Ninguém, jamais escreveu…
O que eu escrevi, com as palavras que escolhi
Com as letras defeituosas de minha caligrafia.
É minha “pseudo-poesia” o resultado ingénuo de minha fantasia.
Uma reprodução fiel, de mim, em papel.
São os meus desejos libertados…
Meus sonhos fantasiados.
É minha pseudo-poesia, minha terapia.
Apneia cerebral…
Era o que eu queria ter,
Um deixar de pensar automático do corpo
Um desligar do cérebro, do ser.
Viver com um imenso oco na cabeça…
Ter nela um imenso nada…
Que me obriga-se a pensar em nada.
Um rompimento com a realidade.
Provocado por uma apneia cerebral…
Um “click” integral
Que desligasse a minha acção cortexial.
Seria estupendo, viver na insignificância…
De não cogitar. Na iniquidade da estupidez.
Não sou inteligente, mas queria a plena, completa ignorância…
Ela ia-me trazer lucidez.
E o simples e o complexo teriam a mesma importância.
Iria inventar-me de novo a mim próprio,
Refazer minha personalidade.
Ou então, NÃO!!!
Faria tudo da mesma maneira que sempre fiz.
E continuaria a pensar… a ser infeliz.
Porque pensar me diferencia dos animais.
Porque pensar me influencia a pensar mais.
Adia, vai chegar o dia…
Em que tudo vou fazer
Projectos meus vou realizar,
Sonhos meus vou abandonar.
Vai chegar o dia…
Em que mil palavras te vou dizer
E dizer-te, tudo o que és para mim.
Vai chegar o dia…
Dia esse, em que o mundo me vai ouvir…
A gritar, blasfemar, até mesmo grunhir.
Tenho certezas absolutas que isso se vai concretizar.
Vai ser espectacular… vai ser assombroso.
Vou deixar de estar fechado em mim mesmo.
Tudo isto vai fazer sentido,
O grito mudo vai ser ouvido…
Vai chegar o dia…
Esse dia vai chegar…
Estou certo.
Tão certo é esse dia chegar,
Como minha vida acabar.
Mas nos entre tantos, nestes pálidos adiamentos
Vou chocando em meus pensamentos.
E vou adiando…
Vai chegar o dia…
Vai chegar o dia…
Mas não é hoje.
Talvez amanha, ou depois…
Ou para a semana que vai vir,
Ou então numa outra vida.
Mas esse dia, esse dia vai chegar.
Ó quase milenar cidade,
Desprovida, de vaidade
Desprovida de verdade,
Arrogante calamidade.
Tua cor acinzentada…
Uma cor fria e deslavada.
Mostra tua calma enervada,
De gente resignada.
Tuas ruas conspurcadas…
Por bestas habitadas
Ruas tuas vandalizadas
Por criaturas castradas.
Ó cidade fria, complacente…
É pouco gente, tua gente.
É pouca a esperança a ti inerente.
É forte a força da corrente…
Da corrente, que aqui me prende.
A esta gente que não me entende…
A esta cidade que me ofende…
-Aí meu corpo se arrepende!
Queria guardar para sempre
Este delicioso momento
Prende-lo em mim…
Sempre, no pensamento.
Sou decrépito, e fatalista,
Nos momentos em que estas ausente.
Sou feliz, e optimista,
No delírio de ter á minha frente.
Uma espécie de algo superior
Preenche o vazio do meu ser
Cessa o tormento e a dor
Por somente por perto te ter.
Existem gananciosos
Que tudo querem possuir…
Nos meus desejos mais audaciosos
Apenas te quero ver sorrir.
Ser culpado da tua alegria,
Culpável da tua felicidade.
Mas não vejo chegar o dia,
Em que tudo não seja irrealidade.
Vou recordando os pequenos,
Maravilhosos, momentos
Vividos na tua presença
Tentando arranjar argumentos,
Para que a dor não me vença.
Não têm os dias sentido
Sem te ter por perto.
Tudo parece perdido,
E nada…nada é certo…
Somente a mágoa em meu olhar
A insuportável solidão
A dolência em meu pensar
E a queda na depressão.
A vida seria perfeita, teria perfeição,
Se possível fosse te abraçar.
No mundo existiria razão
Se contigo pudesse estar.
Cessaria meu tormento,
Morreria minha dor
Fugiria meu sofrimento
Na força do teu calor.
E vou mantendo em mim
Algo semelhante a uma crença
A que tudo ponhas fim
Com o brilho de tua presença.
Dá sentido aos meus dias…
Dá sentido a este lugar…
Olho o mundo e seus habitantes…
Ambiciosos, mentirosos, arrogantes.
Tantas juras acabam por fazer
Promessas feitas a quem aparecer.
Sentimentos fingidos, inventados,
Para seres perfeitos, ávidos de serem enganados.
Tenho orgulho em minha diferença…
As palavras que digo, não são ofensa.
Tenho orgulho no que sinto,
No que escrevo, no que digo, não minto.
Sou contrário á maioria
Servo fiel de minha utopia.
Não consigo fingir, ser enganador
Não consigo falsear meu fervor.
O engano e a hipocrisia…
São para mim heresia.
São pequenas grandes facadas,
Setas envenenadas em minha mente cravadas.
Num mundo de incertezas
Estou mergulhado,
Acidas fraquezas
De mim resignado.
Afirmo nada afirmar
Nem de nada ter certezas…
A não ser deste sentimento,
Meu. Desde minhas profundezas.
Ao te ver, tudo se transfigura
Nascem cores, perante minha escuridão.
E o sol entra pela fissura,
Liquefazendo minha abstracção.
Certezas tenho, sobre o que sinto,
Tenho certezas, e jamais te minto.
Regenera meu mundo imperfeito
Aclama-o com tua presença.
Concerta-o. Esta desfeito…
Cura minha doença.
Certezas tenho, quando digo idolatrar-te,
Tenho certezas, que isto é amar-te.
Perante este mundo horroroso
Me resta tua perfeição…
Que torna tudo radioso.
Até minha frustração.
Neste mundo sem sentido
Dou graças a tua sublime perfeição,
Ao me sentir perdido
Nela vou procurar razão.
Nesta decadência interminável
Subsiste tua perfeição,
Teu sorriso amável
Fonte de minha inspiração.
Sublime perfeição, a do teu ser.
Amor ardente em mim faz crescer.
Perfeição sublime… meu renascer.
Vigilante pela noite imensa.
Nuvem de pensamentos densa.
O não dormir…
Um acto recorrente.
No desvelado…
Me perco na torrente.
Quero fechar meus olhos.
Mas meu cérebro não deixa
Já estão pesados…
E o corpo se queixa.
Lá fora os sons silenciosos,
Da branda calmaria.
São tormentosos
Para minha selvajaria.
Mas se o dia traz o sol
Na noite vejo a luz
Encontro nela um farol
Que é minha cruz.
Se brandem no marasmo
Repugnante que é sua profissão.
São putas sem orgasmo…
Que degolam a nação.
Anormais duendes de dentes aguçados
Roubam, dilaceram a plebe.
Bem vestidos e engravatados.
Caos! Recorrente e insuportável…
Demasiados impostos, cintos apertados.
Burrice intolerável
Dos loucos que estão vendados.
Caótica mentira…
Verdade enganosa…
Vendidos por uma lira
A uma Europa venenosa.
Finda mais um, melancólico dia
Igual a tantos outros dias.
Eclode de novo a hemorragia,
Por entre as minhas devassas agonias.
E vou fumando cigarros…
E pouco mais…
Descarrila de novo o meu ser interior,
Num pensamento abstracto
Proliferado pela exultação, sem fulgor
Deste eu putrefacto.
Acendo mais um cigarro…
Aspiro o seu fumo acinzentado
Desorientado, enxovalhado, pelo cansaço,
Cambaleio pelo tenebroso corredor
Penso no que digo, no que faço…
Na vida, no mundo, no amor.
E fumo mais um cigarro…
E pouco mais…
Cósmicas colisões ocorrem
Na minha inábil cabeça.
Brilhantes ideias correm,
Até que eu me aborreça…
E vou fumando cigarros…
Acendendo cigarros…
E pouco mais…
Sou eu um pseudo-poeta
Um pseudo-intelectual.
No fundo, um pateta
Arrastando-se no banal.
Um pseudo-pensador…
Um pseudo-lunático…
Escravo do amor,
E de um pensar errático.
Um pseudo-tudo…
Que no fundo nada é,
Apenas um carrancudo
Que há muito perdeu a fé.
Pseudo-versos…
Pseudo-poemas…
Livres expressos,
De meus dilemas.
Pouco mais que uma ambição…
Uma pseudo-fantasia.
Resumido a mim mesmo…
A esta elipse errante,
Onde meu ser se desloca.
A este pensar aberrante,
Que meu olhar desfoca.
Cravados em minha mente,
Estão todos os sonhos não realizados.
O amor ardente…
E os anseios traumatizados.
Na minha discordante
E pestilenta inteligência
Sou ignorante…
Na minha existência.
Deambulando
Na insignificância de ser eu…
Rastejo… rastejando
No mundo que sempre me fodeu.
Já fui julgado…
A miséria condenado…
Do báratro atirado,
Por isso, prende
Minha identidade
Dá azos á tua
Crueldade.
Aprisiona meu físico.
Dilacera-me sem compaixão.
-Ó dor minha…
-Não mostres perdão!
Investe sobre mim
Sem qualquer clemência.
Rasga meu corpo,
Declara minha decadência.
Vai mais longe…
Aniquila-me por completo.
Faz-me evaporar,
Oblitera-me sem afecto.
Propaga em mim
O fogo celestial.
Sou festim…
Para a boca de um qualquer animal.
Consome-me por inteiro.
Mata-me, dor minha…
Não me faças teu prisioneiro.
Que sitio este…
Onde o sol teima em não brilhar
Que caverna escura…
Onde acabo, por me deitar.
Rastejo humildemente
Na direcção deste meu abrigo,
Para este local medonho,
Onde me encontro comigo.
Canto de uma sala cheia
Onde me sinto tão sozinho,
Ignorando quem me rodeia
Insisto no meu caminho.
Sucumbindo a este meu mundo
Me vou a tudo alienando
Caio num imenso profundo
Na escuridão marchando.
Um sopro de descrença
Sopra dentro de mim
Desejo, tua presença…
Para toda esta dor ter fim.
Vem daí…
Entorpece meus movimentos.
Vem daí…
E faz estagnar meus pensamentos.
Vem daí…
E cobre meu rosto,
Com o pano ensopado.
Sou rei deposto,
A quem tudo foi roubado.
Vem…
E faz-me ruir,
Na eterna penumbra.
Onde o Diabo está a rir,
E a luz não se vislumbra.
Anestesia-me…
Adormece o meu ser.
Inalo clorofórmio
Na ânsia de tudo esquecer.
Um descanso imediato
Se abate em mim…
Não tenho trato,
Para este doer ruim.
Vem…
E engana esta dor,
Faz-me cheirar
O anestésico sem sabor.
Desloco minha vontade, inerte.
Pelos trilhos trilhados por minha mente.
Tomando como direcção, lugar nenhum.
Já nada me fascina, já nada me diverte.
Por aqui fico, ambiguamente.
Consumido por este jejum.
-Raios partam, tamanho mal-estar!
Fico só, com os meus pensamentos.
Com esta estranha forma de tudo questionar.
Enclausurado nesta minha dor.
Relembrando os fugazes momentos.
Em que respostas consigo encontrar,
No delírio do seu calor.
Mas a queda é iminente…
E o precipício, um fado certo.
Não temo o buraco, e a sua escuridão.
Reconheço que no fundo há gente,
Que do inferno esta mais perto.
Mas mesmo assim, dói esta solidão.
Do suor da batalha
Sempre travada,
Se ergue a coragem
Daquela mulher louvada.
Às lutas, as costas…
Jamais ou nunca voltou.
De uma força sobre-humana
Contra tudo, sempre, lutou.
Entre os percalços
De uma vida fustigada…
De peito aberto marchou,
Sob a ténue luz da alvorada…
Jamais retirou.
Não temendo nenhuma contenda,
Nunca pronta a desistir.
Sua força tremenda
Todo o mal faz ruir.
Estes versos, mais não são
Que uma pequena homenagem,
Uma pequena demonstração
De toda a minha vassalagem.
Faz me voltar ao passado.
Mas a uma vida que não a minha…
A um sítio perfeito.
Sem responsabilidades…
Ou preocupações…
Sem contrariedades…
Ou inquietações…
Faz-me voltar aos tenros anos…
Em que não se pensa em nada…
Se não em correr, saltar, brincar…
No fundo em viver…
Sem ao mundo ligar.
Faz-me voltar a idade da inocência…
Onde dava as mãos a inconsciência,
E desfraldava bandeiras
De uma verdadeira liberdade.
Diz a natureza, e a ciência
Que não queremos crescer…
E enfrentar a realidade.
As vezes custa, ser eu…
Custa pensar como penso.
Ser um filho de Prometeu,
Vivendo num mundo sem consenso.
Custa sentir o pensamento fluir,
Mas do buraco não sair.
Custa sentir o sentimento crescer,
Mas não te poder dizer.
Custa ser eu, e o eu inerente a mim,
Custa este tanto querer, sem fim.
Custa carregar o peso daquilo que sou,
Mais da melancolia que me abraçou.
As vezes custa ser, este ser,
Que tudo teima em controverter.
As vezes custa ser, esta identidade,
Que ambiciona uma irrealidade.
As vezes custa ser eu…
E não ser completamente eu…