Invoco memórias de ti
Em minha mente.
E mesmo que não queira,
Tenho-te em meu pensar sempre presente,
Nas mil e uma imagens que criei.
Nos versos, só teus, que te dediquei,
No sonho que nunca abandonarei…
Mesmo crente que nunca te terei.
Falar de ti…
É ver no mundo alguma beleza…
-Alguma? Não, toda e qualquer beleza,
No desperto sentimento que transbordo com clareza.
Nesta minha demanda para exemplificar
Por palavras o que tu és para mim.
Mas não há palavras ou versos
Não há neste mundo nada que o possa demonstrar.
E já escrevi mil vezes, esta situação.
Nela me perdi mil vezes, sem conclusão.
Mas volto a escrever de novo, que és minha perdição…
Que és o alento que me faz bater o coração.
A ti me rendo.
A ti me dou.
Não me prendo,
Na insignificância do que sou.
Imutável é tudo o que eu sinto,
Em relação ao teu maravilhoso ser.
Defendo com instinto,
Que és razão de meu viver.
Choro, caem lágrimas por meu rosto
Na fatalidade da não correspondência,
Meu coração decomposto
Se ergue aos céus pedindo clemência.
Mais tarde, ou mais cedo,
Vai acontecer…
Vou fugir para o monte.
Onde mais ninguém me vai ver.
Não me lembrem
Não quero ser lembrado.
Não sintam falta de mim,
Pois no monte estou saciado.
Lá naquele lugar…
Tendo como companheira,
A bem conhecida solidão
Sempre á minha beira.
Numa proximidade sem solução.
Ali no topo do monte…
Onde todos os meus sonhos…
Tiveram o triste fado de naufragar.
Não existe nada…
E onde por nada é preciso lutar.
Ali naquele amontoado
De terra e imolação…
Rei autoproclamado
Num reino tão vão.
Viver agarrado a algo irreal
Sobreviver de uma ilusão
Ser apenas matéria fecal
Sem no mundo ter nenhuma satisfação.
Crio mundos, por mim conquistados
Decreto guerra a meus pesadelos…
Sonhos vãos, não realizados.
Que quem me dera, nunca tê-los.
Entrego meu corpo em rendição
Já em nada acredito.
Se esfumou a ilusão
No vão silencio do que não foi dito.
E aquilo que em mim habita,
Em dias de resignação.
Criatura nada bonita…
Espelho de minha frustração.
Perdi ou nunca encontrei
Esse devasso sentimento de nome esperança…
E eu, que tanto o busquei…
Por tudo o quanto o meu olhar alcança.
Rendo-me, entrego-me á puta realidade.
Me emancipo de meus reticentes pensamentos,
Numa busca por novos conhecimentos.
Resolvi abraçar a erudição
Partir na demanda de uma outra “razão”.
Quero entender o mundo…
O céu… o buraco mais fundo.
Entender a matéria que nos compõe,
O bicho que nos decompõe…
Quero entender tudo…
Saber tudo…
Perceber tudo…
Quero entender o bem e o mal
O perfeito e o anormal.
Quero ser iluminado, pelo conhecimento…
Perceber o ser, e o elemento.
Resolver mistérios, e questões…
Demolir os velhos bastiões.
Deixar algo no mundo, antes de morrer…
Mas falta em mim a vontade para o fazer.
Estrelas cadentes
Num céu sem luar.
As quimeras vigentes
Que me fazem delirar.
Sob este céu de cor…
Berrante escura.
Vem a nociva dor
Que me mata… tortura.
No desengano, enganador
Desta efémera nostalgia
Não resta em mim nenhum valor,
Que combata, esta minha agonia.
Não estou certo do que é isto
Mas sinto-me assim…
Sofro mais que Cristo,
Num sofrer sem fim.
O sol brilha
E o céu está limpo.
Mas algo, meu coração trilha
Aqui longe do Olimpo.
É um dia belo, resplandecente.
Mas em mim… em meu ser…
Não há esplendor presente,
Apenas uma dor… um doer.
Este vento que me gela
Em comunhão com a dor,
Meu corpo vela.
Exorcizando meu fulgor.
Se apresenta, a meu olhar
Um dia esplendoroso.
Me culpo por penar,
E o achar tão pavoroso.
E o soprar do vento…
De forma tão tenaz.
Vento de meu sofrimento
Que a mim, a ti, não me traz.
Existe algo no horizonte,
Que eu não consigo ver.
Algo lá bem longe, mesmo de fronte…
Um algo que não consigo perceber.
Caminho em passadas, vagarosas…
Sem determinação.
E esse algo foge sem leme.
Tento chegar perto…
Enquanto do desconhecido, meu corpo freme.
É a incerteza, do incerto…
O desconhecido horripilante…
O futuro que se mostra no horizonte.
De forma fulgurante
Muito para alem da velha ponte.
Uma ponte destruída pelo tempo,
Por tudo o que passou, e não vai voltar.
Uma ponte que é o presente, e o lamento,
O lamento lamentável de a atravessar.
E eu temo o futuro…
O algo depois do amanha…
A incerteza…
A noite cai novamente
Em meu pequeno mundo.
Se quebra a corrente…
Caio moribundo.
As trevas, me abraçam,
Num abraço meloso.
Me agarram, me enlaçam…
Num doer doloroso.
A penumbra constante,
Em que acabo por mergulhar,
A tortura dilacerante…
Que me teima, em estropiar.
A maldita horda, de abominações
Que segue em minha perseguição.
Me rasga os tendões…
Me arrasta no vil chão.
Neste mundo pesadelo
Neste vigente ensejo.
O discernimento… acabo por perde-lo…
E nada de bom prevejo…
E acordado…
Num mundo tal qual igual ao devaneado…
Vejo que não foi um pesadelo,
Mas sim uma realidade.