Terça-feira, 29 de Maio de 2012
Nunca escrevo, por escrever…
Simplesmente não me dou, ao, trabalho de o fazer.
Posto isto,e para que não haja confusões,
Por estas linhas exprimo minhas gratidões.
Agradeço desde já, por cantarem versos “meus”
Por darem melodia ao meu sentimento.
Me acompanharem naquele momento como réus
Quando palavras “minhas” são cantadas ao vento.
Se bem me conhecem, não sou bajulador.
Não risco esta página em branco, em vão.
Agradeço aquele momento arrebatador
Onde “minhas” palavras ganham tamanhã dimensão.
E as palavras que outrora foram “minhas”…
(Nunca deixando de o ser).
Vocês lhe deram um tamanho maior que aquelas linhas
Onde um dia eu as fiz nascer.
A minha gratidão nestas palavras fica expressa.
Sem ambições camufladas…
Bem como a promessa,
Que nunca serão apagadas.
Tenho medo de mim.
E não compreendo o mundo.
Avanço descuidado, de cadafalso em cadafalso,
Sem saber se quero, que estejam abertos ou fechados.
E meu cérebro, é me por vezes falso
Soltando em mim, monstros há muito enjaulados.
Finjo contudo, uma normalidade aparente
Cingindo a mim mesmo, meus próprios receios.
Desaprovando incessantemente minha mente
Da loucura expressa em seus devaneios.
E temo-me em dias distanciados,
Sempre, sem a mim, mostrar parte fraca.
Aos monstros tento manter enjaulados
Com auxílio de uma romba faca.
Tenho medo de mim…
E não me compreende o mundo.
Cada um, com sua droga…
Com seu néctar divino
Ou pó de anjo estrelar.
Cada um, com o que se afoga…
Cada um, com o que perde ou ganha ou tino…
Cada um, com o que lhe permite aguentar.
Olhos postos no alcatrão
Vislumbrando o horizonte que são meus pés,
Não vejo para além deste chão.
Impedindo assim qualquer revés.
Sigo assim, cabisbaixo e carrancudo
Encolhido, torto e desajeitado.
Poucas palavras, quase mudo.
Indiferente, e amargurado.
Erguerei um dia a cabeça,
Se houver motivos para o fazer,
Até lá espero que ninguém me aborreça.
E que compreendam, que este é o meu ser.
Admito ser, um ser, complicado…
Por vezes até ser de má companhia.
Mas por aqueles que quero a meu lado,
Fique escrito, que tudo faria.
Mas não me forcem o riso…
Não me peçam para fingir alegria.
Tenho sempre em conta o vosso juízo,
Mas se fosse “outro” vos mentiria.
Sonho, mais que belo, por mim
Esta noite sonhado…
Sem aviso se deu o seu fim,
Quando, meu corpo se deu acordado.
Mostrou-me um mundo
Que nem consigo imaginar…
Um sentir belo, profundo
Me impossível de alcançar.
Antes fosse um pesadelo,
Daqueles, em que se acorda a cair.
Pois eu preferia não tê-lo
E não acordar na realidade a ruir.
Espectro cintilante de utopia
Desapareceste, durante a noite silenciosa
Não me acompanhas agora, que é dia…
Abandonaste-me á dor dolorosa.
“-Porque não foi antes um pesadelo?”
“-Tinha de ter de ser um sonho tão maravilhoso?”
Agora enforco-me com o novelo
Que descubro neste acordar horroroso.
O sol nasce… diariamente.
E a terra gira… irremediavelmente.
E em mim… tu estas sempre presente.
O vento sopra… porque tem de soprar.
E o mar fustiga a terra porque tem de a fustigar.
E eu… sonho contigo, sem que nada o possa mudar.
Estrelas brilham, porque sempre brilharam no firmamento
Colapsando por vezes, num colapso violento.
E tu… estas sempre comigo, mesmo em meu lamento.
Termina o dia, começa a noite. Termina a noite começa o dia.
Recomeça a dor, o pranto, a agonia…
E nós… sempre o sonho, a quimera, a utopia.
Sexta-feira, 25 de Maio de 2012
O meu vigésimo quinto aniversário
Deu-se há precisamente dois meses atrás.
Não foi como no infantário,
Onde o tempo parecia ser tão fugaz.
Mais de um quarto de século passou,
Desde o dia do meu nascimento.
A cara envelheceu, o corpo mudou,
Com a fatalidade do crescimento.
Segui caminhos, perdi-me por trilhos
Amei pessoas, odiei seres,
Fiz o bem, o mal, meti-me em sarilhos.
Vezes de mais, não cumpri os meus deveres.
Abracei sempre mais os sonhos,
Do que dei razão, á realidade.
Alguns dias foram risonhos,
Outros, um ardil de maldade.
Agora um quarto de século passado.
Vinte e cinco anos volvidos…
Basta oh alma minha, que és besta!
Chega de viagens sem rumo,
Onde te perdes sem prumo.
Basta!
Basta de incoerência…
Em ti, meu eu… que há muita perdeste a inocência.
No acreditar de tua própria decadência.
Basta!
Basta de filosofias transcendentais,
Que sendo nada, são sempre iguais,
E nada sendo não constam nos manuais.
Basta!
Basta de tudo o que não sou,
Da procura que nada encontrou
E que para encontrar não procurou.
Basta!
Basta de ser corpo presente,
Numa vida ausente,
Com uma loucura acoplada na mente.
Basta!
Basta de bastar coisa alguma,
Que no fundo não basta coisa nenhuma
Porque minha forma de ser… há só uma.
Basta!
Quarta-feira, 23 de Maio de 2012
E se fosse eu ali deitado?
Corpo inerte, cara em cal…
Pronto a ser levado
Para onde não há bem, nem há mal.
Será que vos disse vezes suficientes
Tudo aquilo que vos queria dizer?
Pareciam tão pouco urgentes
Os sentimentos que queria oferecer.
Temo, que se fosse eu ali, estendido…
Não ter dito o que sentia meu ser.
Agora nem me posso mostrar arrependido,
Acabaram-se as hipóteses de o fazer.
Espero não vos ter desapontado,
Se o fiz, nunca foi minha intenção o ter feito.
Agora aqui estirado, desmantelado,
Espero ter merecido de vós o vosso respeito.
Terça-feira, 22 de Maio de 2012
O pedal empurrado contra o chão…
Borracha que chiava em gritos agudos.
Curvas feitas em contramão,
Com dentes serrados, como escudos.
Galopando em velocidade vertiginosa,
Por entre a estrada remendada.
Adrenalina em suas veias, vaporosa…
Delinquência estouvada.
Camião-cisterna, em sentido contrário
Não houve tempo para travar…
Encheu-se de medo o temerário
Quando o embate o fez ressaltar.
Colisão frontal inevitável…
O fim de tudo, num momento imediato…
Tinhas sido tu o responsável,
Por um fim tão ingrato.
Quinta-feira, 10 de Maio de 2012
Por entre o silêncio nocturno…
Vem com o vento…
Vem com a chuva…
Roubando os anéis a saturno,
Embriagues de pensamento
Que meu olhar turva.
Em cerco, paira lá no céu
Como abutre faminto,
Como corvo esfaimado…
Sem sentença, sou seu réu.
Fogo extinto…
Rei sem trono, descoroado.
Ataque cirúrgico, encetado com precisão
Dominação efectiva de tudo em mim.
Ruína, massacre, saqueio…
Desintegra-se o coração…
Aproxima-se o fim…
Com a noite veio…
Com a noite veio…
Com a noite veio até mim.
A bússola está partida.
Não há estrelas para orientar meu quadrante.
A nau que é minha vida está perdida…
E a tempestade, torna-se mais possante.
Á deriva…
Rumo incerto, objectivo ausente…
Questões pertinentes…
Assolam-me como vagas.
Minto-lhe com todos os dentes,
Com respostas amargas.
Perdido…
Desencontrado…
Que logica tem tudo isto?
Que faço eu neste lugar?
Será o destino… um mal previsto?
É por esta vida que tenho de lutar?
Dissentido…
Devaneado…
Vítima culpada de Adamastor…
De um naufrágio inevitável,
Eu mesmo, Deus de minha dor
Perdido, desencontrado e incurável.
Terça-feira, 8 de Maio de 2012
Súbitos leais, seguidores de sua razão
Escondem a cara em mascaras sem fisionomia.
Ordens de sua boca elevadas a religião,
Indivíduos sem alma presos em sua tirania.
Por entre malícia criada…
E criadora de malícia…
Temida ou venerada,
A mal do chicote a bem da carícia…
Dissimulados enganos, armas de seu arsenal.
A verdade invertida, tornada em mentira,
Seu recreio pessoal.
Imperatriz, monarca, soberana… absoluta…
Ofereces como quem tira…
Nunca me terás como teu recruta.
Quinta-feira, 3 de Maio de 2012
Os olhos abrem-se a muito custo,
Os ossos estalam, como se fossem quebrar.
E acordo, num mundo pulcro de injusto.
Ainda dormente, sem raciocinar.
Relutante e pouco decidido…
Ergo meu físico cansado de tanto descanso.
Pareço um bicho enfurecido,
Após eternidades, sendo manso.
Tédio e mais tédio, em doses mortais…
A cabeça fervilha em agonia.
Masturbação mental de desejos banais
No vasto pranto da ironia.
Estou aqui…
Vivendo o presente.
Relembrando o que já é passado,
Antevendo, temendo o futuro.
O infame momento presente
Que a meus olhos se desenrola…
Lembranças de um passado omnipresente,
E um futuro que desconsola.
Temendo a viagem inevitável de fazer,
Por entre o mar da vida comum.
Rabiscando o diário que não quero escrever
Por dias adversos de jejum.
A teimosia dos ponteiros
(ausentes no relógio digital)
São “tic-tacs”… sons de morteiros
Carrascos de meu mal.
Galopam em círculos perfeitos.
Fazendo do passado, passado.
Guilhotinas onde meus sonhos jazem desfeitos
E o presente é amaldiçoado.
Passado, presente, futuro…
Qual deles o pior?
Quarta-feira, 2 de Maio de 2012
Lá longe… onde tu estas
E onde eu nunca poderei ir,
Se esconde um mundo de alegria e paz.
Utopia, quimera… me impossível de atingir.
Nunca vi esse ambicionado lugar…
Jamais em minha vida me foi permitido o ver.
Corro em demanda para o alcançar,
O destino é certo, não vou vencer.
Existem mais que portões
A proteger esse encantado recanto.
São mil e uma aversões
E o poder sórdido do desencanto.
Vejo-me então… as voltas na distância…
Convalescendo na Impossibilidade.
Discordo de minha própria discordância,
Torturado pela saudade.