Olho-vos vassalos da futilidade,
Crédulos da mentira e da cobiça…
Deito-me… faço-vos, a vontade.
Me prendo em nós de preguiça.
Por não ser crente, e em por nada crer
Vejo-vos arrastar minha vida
A qual, entrego sem responder,
Com um bilhete só de ida.
Quem me dera ser como vós…
Ó coisa nenhuma que sois.
Ser velhaco, ser atroz…
E não pensar no que vem depois.
Amarrem-me ao mastro do navio…
Que na tempestade vai afundar…
Ponham-me á frente do canhão…acendam o pavio…
E deixem-no rebentar.
Não creio…
Não quero crer…
O futuro, á felicidade faz tangente.
Mas não a atinge, não lhe acerta…
Finge lhe tocar futilmente,
Mas a ferida esta sempre aberta.
E no fim sou crente.
Sou crente, que não quero crer em nada…
Não creio, em quem me mente,
Não creio, numa razão encomendada.