O sol irrompe, na manhã de neblina,
Volvendo costas á noite de negrura cristalina.
Foi mais uma batalha épica por ele vencida,
Em mais um amanhecer de minha vida.
Jazo, inútil, aqui sentado…
A pensar no que ontem me foi lembrado.
Disseram-me que era um inútil, que nada valia
“Não discordei! Como podia?”
Dói tanto ouvir a verdade…
Mas louvo imenso a sinceridade.
E mesmo sabendo, o zero que sou,
Essa “frase-seta” me trespassou.
Porque em determinados dias,
Me escondo em deliciosas fantasias.
Escondendo a inutilidade completa de meu ser,
Evitando o espelho que não quero ver.
Se houvesse remédio para o inútil que há em mim…
Se houvesse um meio, de á inutilidade por fim…
Beberia esse remédio, tomaria esses meios.
Esvaziaria meus membros, de inutilidade cheios.
Perdoa-me sol, por teres de me aquecer…
Perdoa-me por aqui sentado ver mais um amanhecer.