Tu, que um dia foste mais do que eu.
Tu, que eras tu, e tão pouco de mim.
Parte viva de mim, que morreu,
Rastilho fumegante que ardeu em carmim.
Tu figura, focada no pensamento…
Tu que sentias e sofrias, chicoteando-te na poesia.
Tu que não fugias do sofrimento,
Fazendo da humanidade tua heresia.
Ser poeta, que te perdias em devaneios,
Escrevendo o que sentias e o que não tinhas.
Com a força dos poemas alheios
Transportavas tua alma em suas linhas.
Criatura peculiar,
Criadora de novas razões
Vias o mundo com outro olhar
No ímpeto vertiginoso de tuas paixões.
Não te sinto agora em meu interior,
E ficam as folhas brancas e a caneta a descansar.
Na espera pela inspiração de um ser inferior
Que lhes dê uso, e as ouse profanar.